José Manuel Silva foi acusado de peculato mas mantém recandidatura à Câmara de Coimbra
José Manuel Silva, atualmente presidente da Câmara de Coimbra, informou esta quarta-feira que foi acusado de peculato e falsificação de documentos, por ajudas de custo recebidas enquanto bastonário da Ordem dos Médicos, entre 2011 e 2016. Mas garante que não deixará de se recandidatar nas autárquicas deste ano.
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A acusação do Ministério Público, de que o autarca deu conta num artigo de opinião publicado no “Diário de Coimbra”, reporta-se alegadamente a ajudas de custo recebidas por viagens de comboio. José Manuel Silva terá de pagar 55 mil euros ao Estado, se vier a ser condenado em tribunal.
Ao JN, presidente da Câmara de Coimbra esclarece que foi notificado da acusação em finais de janeiro. Além do crime de peculato, José Manuel Silva é ainda indiciado por falsificação de documento, uma acusação que considera “ridícula”. “O documento que era preenchido na Ordem [dos Médicos], com os quilómetros feitos de comboio, era preenchido pela secretária da Ordem. Também sou acusado de falsificar uma coisa em que a minha assinatura não constava”, protesta.
José Manuel Silva lembra que, durante o seu mandato como bastonário, este cargo não era remunerado e, por parecer aprovado pelo Conselho Nacional Executivo da Ordem dos Médicos, as deslocações entre Coimbra e Lisboa seriam compensadas ao quilómetro.
Sobre a opção do comboio, José Manuel Silva alega que não representou qualquer prejuízo para a Ordem dos Médicos. “O que foi instituído era pagamento ao quilómetro. Se eu conduzisse quase todos os dias o meu carro para Lisboa era aquele o valor que recebia. Como ‘conduzi’ o comboio, pelos vistos, alegadamente, já parece que é criminoso”, graceja.
José Manuel Silva assinala ainda que todas as deslocações que fazia enquanto bastonário eram preenchidas na folha mensal de quilómetros, o que incluia viagens em viatura da Ordem dos Médicos, as que fazia no seu próprio carro e as de comboio.
Recandidatura não está em risco
José Manuel Silva garante que esta acusação não “vai afetar” a sua recandidatura à presidência da autarquia de Coimbra, embora considere que esse “é o objetivo” do Ministério Público.
“Não vai afetar porque é uma acusação ridícula. É uma acusação de eu deslocar de comboio. Se tivesse havido alguma ilegalidade, alguma circunstância de prejuízo para a Ordem dos Médicos, qualquer coisa menos ética, obviamente poderia afetar-me”, justifica.
José Manuel Silva alega que esta acusação “nada tem de substantivo e nada tem a ver com a atividade política” que desenvolve atualmente.
José Manuel Silva venceu as autárquicas de 2021 como independente, com o apoio da coligação Juntos Somos Coimbra (PSD, CDS-PP, Nós, Cidadãos!, PPM, Aliança, RiR e Volt).
O secretário-geral do PSD, Hugo Soares, prometeu na semana passada que nenhum presidente de junta acusado por crimes relevantes será candidato nas eleições deste ano.
Questionado sobre se esta posição poderia afetar a coligação em Coimbra, José Manuel Silva responde que “o futuro a Deus pertence”. “Já me candidatei por um movimento independente. Já me candidatei por uma coligação. Tudo pode mudar, mas não me compete a mim, naturalmente, falar por ninguém. Eu falo por mim, serei candidato contra ninguém. Somos candidatos, eu e a minha equipa, para continuarmos um trabalho”, remata.
