O ex-primeiro-ministro José Sócrates foi acusado pelo Ministério Público pela prática de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada, no âmbito da "Operação Marquês".
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Com origem nos grupos LENA, Espírito Santo e Vale de Lobo, segundo o Ministério Público (MP), José Sócrates acumulou na Suíça, entre 2006 e 2009, um montante superior a 24 milhões de euros.
"Este dinheiro foi, num primeiro momento, recebido em contas controladas pelo arguido José Paulo Pinto de Sousa [primo de José Sócrates] e, mais tarde, em contas de Carlos Santos Silva (neste caso, com prévia passagem por contas de Joaquim Barroca)", acrescenta.
Segundo a acusação, Carlos Santos Silva veio depois a transferir o dinheiro para Portugal, através de uma pretensa adesão ao regime RERT II (regime excecional de regularização tributária), "visando a sua posterior colocação em contas por si tituladas mas para utilizações no interesse de José Sócrates".
Tal utilização passava, designadamente, por levantamentos e entregas de quantias em numerário a Sócrates, as quais eram efetuadas com a intervenção de Carlos Santos Silva, mas também dos arguidos Inês do Rosário, João Perna e Gonçalo Ferreira.
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Esses fundos foram, igualmente, utilizados para aquisição de imóveis, obras de arte, pagamento de viagens, aquisições de exemplares do livro do ex-primeiro-ministro e para fazer chegar dinheiro a pessoas das relações deste arguido, considera o Ministério Público.
Para o MP, também a ex-mulher de Sócrates, Sofia Fava, aceitou figurar como compradora da herdade "Monte das Margaridas", em Montemor-o-Novo.
"O imóvel foi adquirido com um financiamento bancário garantido por Carlos Santos Silva, suportado nos fundos trazidos da Suíça, refere a acusação.