Sandro Ferreira, jovem de 23 anos que conduzia o carro que se despistou na A42, em Paços de Ferreira, em novembro de 2019, e que matou três pessoas na sequência do acidente, foi condenado a uma pena suspensa de quatro anos e meio de prisão.
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Na sentença decretada pelo Tribunal de Penafiel, nesta segunda-feira, Sandro Ferreira foi considerado culpado de três crimes de homicídio por negligência e um crime de condução perigosa. Para o coletivo de juízes ficou provado que naquela fatídica tarde de domingo o jovem foi "negligente" e "imprudente" na sua conduta, circulando "em velocidade excessiva" - entre 160 e 170 quilómetros por hora - e com os pneus do carro com elevado nível de desgaste, num dia que se apresentava chuvoso. Contudo, não ficou provado que o jovem - que estava emigrado em França e tinha vindo a Paredes, a sua terra natal, passar o fim de semana - tivesse conhecimento do estado dos pneus.
Para a convicção do Tribunal contribuiu a postura de Sandro Ferreira durante o julgamento. Apesar de não se recordar do sucedido - assim como os dois amigos que seguiam consigo no carro e que foram testemunhas no processo - o jovem assumiu sempre a responsabilidade do acidente. "Nenhum dos três tem grande memória desse pedaço de vida e o Sandro, quando disse que não se lembrava, não disse isso para fugir da responsabilidade", referiu a juiz presidente, acrescentando que "não inventou versões absurdas, não falseou nenhum elemento, nem tentou desresponsabilizar-se e disse que era o responsável quando viu o vídeo do acidente".
A condição social do jovem carpinteiro, o facto de não ter antecedentes criminais, assim como a sua inexperiência na condução - já que tinha carta há cerca de dois anos à data do acidente -também pesou na decisão do Tribunal. "O acidente foi um episódio único na sua vida", disse a juiz presidente do Coletivo, que condenou o jovem a uma pena de prisão de 4 anos e seis meses, suspensa na sua execução. O jovem fica ainda impedido de conduzir durante um ano e meio e vai ter que entregar uma indemnização no valor de três mil euros a uma instituição que apoia vítimas de acidentes de viação. Terá também de frequentar um curso de prevenção rodoviária e ser acompanhado pelos serviços prisionais.
Recorde-se que o acidente ocorreu no dia 17 de novembro de 2019, na A42, em Paços de Ferreira. Nessa tarde, o jovem dirigia-se com três amigos para o Porto, quando o carro que conduzia entrou em despiste. A viatura conduzida pelo arguido atropelou mortalmente Jorge Gomes, um militar da GNR de 29 anos que se encontrava no local na sequência de um acidente de viação que tinha ocorrido momentos antes. O carro bateu contra o talude e rodou sobre si mesmo, atropelando ainda Miguel Sousa, de 63 anos, o motorista do reboque que se encontrava no local a fazer a remoção do veículo envolvido no primeiro acidente e que teve morte imediata. Dentro do carro seguia Vânia Ribeiro, uma jovem com cerca de 20 anos, que também não resistiu à gravidade dos ferimentos.