Um jovem, de 18 anos, foi detido por tentar matar um homem, de 29, na Amadora, em dezembro do ano passado, numa refrega entre gangues rivais que se dedicam ao Drill, um estilo de música que potência a violência, tendo já causado vários homicídios em Lisboa, informou a Polícia Judiciária esta segunda-feira.
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De acordo com a mesma fonte, o crime ocorreu, a 8 de dezembro, "na sequência de uma abordagem pessoal violenta da vítima face ao agressor, após uma altercação entre dois grupos rivais, aos quais ambos pertenciam".
O agora detido, que pertence ao grupo PKA 45, da Cova da Moura, esfaqueou a vítima "com múltiplos golpes de arma branca na região abdominal", informoou a PJ, acrescando que esta foi assistida e permaneceu internada em meio hospitalar, "face às graves lesões que apresentava e que colocaram em perigo a sua vida".
Depois de tomar conhecimento da ocorrência, a Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo iniciou diligências de recolha de provas, vindo a deter o suspeito, que foi apresentado a um juiz e ficou em prisão preventiva.
Sucessão de crimes
O detido é um dos cerca de 700 jovens que formarão 27 grupos juvenis identificados na Grande Lisboa e que se dedicam à prática de crimes violentos, como roubos e homicídios.
Ao longo dos últimos anos, e principalmente desde a pandemia, que a violência entre estes grupos se tem acentuado em Lisboa. Em 2020, Marcelo Correia, 16 anos, foi morto à facada numa luta entre o grupo MDM, de Chelas, e PKA 45, de Queluz. O grupo responsável pela morte viria a lançar uma música onde se gabavam da morte do jovem.
Na lista de vítimas mortais causadas pela violência entre grupos de drill, somam-se Rafael Lopes, assassinado no metro das Laranjeiras, em outubro de 2021, por rivalidade entre os grupos ITF, da Quinta da Mira, Amadora, e dos 200 Niggaz, da Cova da Moura, ao qual pertencia a vítima. Também Manilson Novais, 17 anos, membro dos K26, de Loures, foi morto em fevereiro de 2022, numa emboscada, com tiros de caçadeira, feita por quatro jovens do grupo PDS, do Lumiar, depois de um confronto, semanas antes, em que um dos seus foi esfaqueado.
Seguiu-se António Teixeira, baleado na barriga e deixado no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures em maio de 2022. Em sequência, no mês de setembro, o rapper de 24 anos Jboogz, inglês, foi morto a tiro numa festa na Quinta do Mocho. A vítima fez um direto no Instagram a gozar com António Teixeira, por ser baleado na barriga e ele próprio foi atingido no abdómen numa rixa entre os RDM, da Quinta do Mocho, e os Xrootz, da Amadora.
Os suspeitos destes dois dois crimes estão ainda a monte.
As autoridades têm ainda os grupos referenciados por assaltos violentos. Os AKJ, de Cascais são suspeitos de assaltos violentos a moradias e foram elementos do gangue "FDL 2", de Sintra, os autores do esfaqueamento que matou do jovem de 24 anos no Campo Grande, em 2019, filho de um inspetor da PJ.