Um encontrão entre clientes do "Club Vida", um bar de Albufeira, esteve na origem do esfaqueamento mortal de uma jovem, de 19 anos, na madrugada do último domingo. A autora do homicídio, de 21 anos, foi posta em prisão preventiva, enquanto o dono da faca, um ano mais novo e também detido no domingo de manhã, foi libertado.
Corpo do artigo
A suspeita do crime, Mariana Carrilho, e o dono da faca e seu namorado, José Oliveira, entraram naquele bar, na Rua da Vitória, ao início da madrugada de domingo. Antes disso, José Oliveira entregou à namorada a faca, com cerca de 9 centímetros de lâmina e cabo em madeira, para que ela a escondesse no interior da sua mala. Mas, receando uma eventual revista da mala pelos seguranças, Mariana Carrilho escondeu a arma branca junto à sua axila e entrou no "Club Vida".
No interior do bar estava também Núria Gomes, com uma amiga. Segundo os dados apurados até ao momento na investigação, eram 5 horas quando um encontrão entre Núria gerou uma azeda troca de palavras entre esta e outras duas mulheres. E, cerca de uma hora depois, Núria e a agora arguida também discutiram, pelo mesmo incidente.
O bar estava prestes a fechar portas, e Núria, Mariana e José encontraram-se no exterior. Mariana ter-se-á dirigido à outra, atacando-a com bofetadas, socos e uma facada que a atingiu na região infraclavicular e na grelha costal dorsal esquerda. Segundo o relatório médico-legal, Núria sofreu uma lesão cortoperfurante na região do hemotórax esquerda e outra na grelha costal também do lado esquerdo.
A seguir, a agressora e o homem que a acompanhava atiraram para um telhado a faca, que, mais tarde, seria recuperada pela GNR. Esta também deteve o casal, ainda durante a manhã de domingo.
Presentes a um juiz de instrução de Portimão, os arguidos tiveram sortes diferentes. Quanto a Mariana Carrilho, o juiz de instrução afastou a hipótese de prisão domiciliária, por tal medida de coação não se lhe afigurar proporcional à gravidade do crime, para mais cometido por um motivo fútil. Tendo em conta também a necessidade de salvaguardar a tranquilidade pública e a de evitar que a arguida procurasse condicionar as testemunhas do crime, suas conhecidas, o juiz decidiu pôr a arguida em prisão preventiva.
Sobre José Oliveira, o juiz valorou o facto de não haver qualquer prova de que o mesmo tenha participado nas agressões. Tudo indica que, horas antes do homicídio, aquele arguido entregou a Mariana Carrilho a arma do crime, mas o juiz de instrução entendeu que não é possível verificar ali qualquer nexo de causalidade entre esse facto e o crime. Ou seja: nada indica que José Oliveira entregou a faca a Mariana para esta matar Núria Gomes.
O magistrado judicial acreditou ainda que, depois de Mariana Carrilho cometer o crime, José Oliveira pegou na faca e desfez-se dela. No entanto, este facto também não o implica no crime de homicídio, concluiu o juiz, decidindo assim libertar o arguido, sem quaisquer medidas de coação.
MAI encerra bares
Já depois deste homicídio no Algarve, o "Club Vida" foi um dos três estabelecimentos de diversão noturna que foram provisoriamente encerrados, por decisão do Ministério da Administração Interna, sob indicação da PSP. Os outros dois bares, junto dos quais também se registaram episódios de violência nos últimos tempos, foram o "After Porto", bar da Rua da Alegria, no Porto, também conhecido por "Sob Escuta", e o Kady's Bar, em Almada.