Uma jovem, de 22 anos e paraplégica, foi raptada e, ao longo de 24 horas, agredida e violada pelo menos três vezes. Só um telefonema feito às escondidas permitiu a sua libertação.
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O violador, detido em flagrante por inspetores da Unidade Nacional Contraterrorismo da Polícia Judiciária (PJ), saiu há pouco mais de dois anos da cadeia. O caso aconteceu no Carregado, concelho de Alenquer, no início da semana.
A jovem deslocou-se ao Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, para ser sujeita a uma pequena intervenção cirúrgica e, na tarde da última segunda-feira, já depois de operada, telefonou, segundo um comunicado da PJ, a um “amigo do seu irmão” para lhe pedir boleia de regresso a casa.
O homem, com 40 anos e que faz uns biscates como eletricista, aceitou o pedido e foi buscar à unidade de saúde a rapariga, que só se desloca em cadeira de rodas. Porém, em vez de a levar para a habitação daquela, em Alenquer, transportou-a, contra a sua vontade, para uma casa no Carregado.
Tal residência pertence a familiares do suspeito e é usada por este para passar algumas noites. Na tarde de segunda-feira, não estava lá ninguém. Por esse motivo, ninguém deu conta de que a vítima foi empurrada para o interior da moradia nem que ali foi mantida em “cativeiro durante cerca de 24 horas”, salienta a PJ.
Unidade Contra Terrorismo
Ao longo deste período, a jovem não teve acesso à cadeira de rodas e, como tal, não conseguiu fugir. Também foi agredida com frequência e viu, num dos episódios de violência, o raptor partir-lhe o telemóvel. E foi ainda violada, segundo o JN apurou, pelo menos três vezes.
Sem conseguir andar, a vítima só conseguiu escapar porque, já na terça-feira, teve acesso a um telemóvel e, explica a PJ, “aproveitando uma ida do agressor à casa de banho”, telefonou ao pai.
Alertado para o que estava a suceder, o progenitor queixou-se no posto da GNR de Alenquer, mas, por em causa estar um rapto cujos contornos eram, à data, desconhecidos, o caso passaria para a Unidade Nacional Contraterrorismo da PJ.
Nas horas seguintes, os inspetores conseguiram localizar a residência do Carregado e libertar a jovem, que só mais tarde denunciaria as violações sofridas durante as cerca de 24 horas em que esteve raptada.
Ao mesmo tempo que soltaram a vítima do cativeiro, os inspetores detiveram o raptor. Trata-se de um praticante de artes marciais, com um historial de violência associado e que conta com uma condenação a dez anos de prisão, por tráfico de droga e ofensas à integridade física.
Aliás, na segunda-feira, dia em que raptou a rapariga paraplégica para a violar, o suspeito cumpria dois anos e um mês de liberdade após a saída da cadeia.
Hoje, será levado pela Polícia Judiciária ao Tribunal de Loures, para aqui ser interrogado por um juiz de instrução criminal. No final, ficará a conhecer as medidas de coação.