Os três jovens detidos, na segunda-feira, pelo sequestro de um homem durante 37 horas, na Póvoa de Varzim, foram, na noite seguinte, libertados no final do interrogatório feito pelo juiz de instrução criminal.
Corpo do artigo
Devido à idade – o mais novo tem 17 anos e o mais velho 21 – e à ausência de antecedentes criminais, os suspeitos ficaram apenas obrigados a apresentarem-se no posto policial da área de residência duas vezes por semana e proibidos de saírem do concelho de residência, nomeadamente Póvoa de Varzim, Oliveira de Azeméis e São João da Madeira.
As medidas de coação decretadas na noite de terça-feira impedem ainda os jovens de se deslocarem ao concelho do Porto (onde costumavam comprar droga para consumirem) e impõem a todos um tratamento à dependência de produtos estupefacientes.
Os dois rapazes e uma rapariga foram detidos na tarde de segunda-feira, na A28, quando se dirigiam da Póvoa de Varzim para o Porto. Viajam num Fiat Uno, no qual também seguia o homem que tinham sequestrado na madrugada de domingo e que só nessa ocasião foi resgatado.
Terror vivido durante 37 horas
Tal como o JN contou, esta vítima, com cerca de 30 anos, estava ao volante do carro estacionado numa rua da Póvoa de Varzim à espera de uma amiga. Eram 3 horas e o automobilista foi surpreendido pela entrada repentina de dois rapazes, munidos de facas, na viatura. Nesse momento, a amiga do condutor chegou ao local e foi igualmente obrigada a entrar no automóvel.
O Fiat Uno arrancou de imediato, mas pararia pouco depois para deixar entrar um casal cúmplice dos sequestradores. Em seguida, seguiram-se 37 horas de terror.
Com seis pessoas no interior, o carro rumou ao bairro da Pasteleira Nova, já no Porto, onde os sequestradores compraram e consumiram droga. Fizeram o mesmo, pelo menos, noutros dois bairros na Invicta.
Durante o trajeto, o sequestrado foi forçado a dirigir-se a diferentes multibancos para levantar dinheiro, mas, devido ao nervosismo, não conseguiu satisfazer as ordens do grupo. Foi então forçado a usar o telemóvel para, através da aplicação MBWay, transferir menos de 100 euros.
Levado novamente para a Póvoa de Varzim, onde a amiga seria libertada, o homem, que permanecia com a cabeça coberta com uma camisola, foi levada, primeiro, para a garagem de uma habitação e, em seguida, para uma casa abandonada.
Aqui, enquanto o grupo continuava a consumir droga, teve de usar as redes sociais para pedir dinheiro a um dos seus contactos, com a desculpa de que precisava de pagar, com urgência, uma multa de trânsito. O amigo transferiu cerca de 200 euros, mas, de imediato, foi contactado pela sequestradora com a exigência de mais dinheiro.
Seria este amigo a avisar a família da vítima que, no domingo, apresentou a queixa que levou à mobilização da GNR, PSP e PJ. Os esforços das forças de segurança permitiram deter os jovens na tarde de segunda-feira.