Ficaram em prisão preventiva os três jovens de 16 anos suspeitos de agredir e roubar vários cidadãos, a maioria estrangeiros, em Olhão.
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A decisão do Tribunal de Faro foi conhecida esta quarta-feira. Os jovens tinham sido ouvidos no dia anterior. Apenas um deles aceitou prestar declarações, assumindo alguns dos factos que lhe são imputados, apurou o JN. Os restantes recusaram falar.
Os jovens foram detidos na segunda-feira pela PSP. Fazem parte de um grupo de onze suspeitos de, pelo menos, oito crimes de roubos e agressões, só no mês de janeiro, na cidade de Olhão. O grupo é composto por oito rapazes e três raparigas, portugueses, com idades entre os 14 e os 16 anos.
A maioria das vítimas é indiana e nepalesa, mas também de outras nacionalidades, incluindo portuguesa. Uma delas é o cidadão nepalês, Nirmal, de 26 anos, filmado a ser brutalmente agredido após ter saído do trabalho num restaurante da cidade. Entre as vítimas há também um sem-abrigo, que a polícia tenta identificar, e um jovem brasileiro, de 16 anos, atraído por uma rapariga para uma emboscada.
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Os jovens atuavam, com violência gratuita, para se afirmarem nas ruas de Olhão, acreditam os investigadores. Comunicavam num grupo fechado do Instagram, com o nome "8700" (o código postal de Olhão). Combinavam dias, horas e locais para se reunirem e também partilhavam fotografias e vídeos com o resultado dos roubos.
Em conferência de imprensa, o comandante distrital da PSP de Faro, Dário Prates, explicou que "a atuação do grupo passava pela escolha de vítimas especialmente vulneráveis, quer em razão da sua naturalidade (comunidades indiana e nepalesa) quer pela sua condição social (de sem abrigo), ou pela idade", referindo-se à vítima mais nova. Aproveitavam a "força do coletivo, alicerçados numa extrema violência gratuita e espontânea, especialmente por parte dos três jovens com maior ascendência no grupo" e que foram detidos. A principal motivação seria "a promoção da sua afirmação nas ruas de Olhão".
A PSP visualizou mais de 20 mil vídeos e centenas de horas de imagens recolhidas pelas câmaras do circuito de videovigilância da cidade de Olhão. "Foi possível relacionar o grupo com oito ocorrências só no mês de janeiro" e avançar, ontem, para as buscas domiciliárias e as detenções fora de flagrante.
Os detidos foram presentes a primeiro interrogatório judicial e o futuro dos restantes jovens será decidido pelo Tribunal de Família e Menores de Faro.