As cinco pessoas detidas por alegado rapto e roubo sobre um intermediário financeiro, que terão ocorrido na semana passada em Viseu, deverão pertencer a uma célula de executantes, continuando a investigação à procura dos mandantes, revelou hoje a Polícia Judiciária.
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A Polícia Judiciária (PJ) acredita que as cinco pessoas detidas por suspeita de raptar e roubar um homem em Viseu para lhe serem cobrados dividendos de produtos financeiros foram meros executantes.
“A investigação vai ter de prosseguir, porque temos de perceber se existem mais suspeitos nesta matéria, designadamente mandantes. Acreditamos que esta célula é uma célula de executantes, considerando os conhecimentos que já conseguimos obter deles, dos quatro estrangeiros e da própria mulher, mas certamente também haverá mandantes”, afirma o novo diretor da Diretoria do Centro da Polícia Judiciária, Avelino Lima.
Em conferência de imprensa, Avelino Lima disse que os quatro dos detidos “deslocaram-se para Portugal exclusivamente para cumprir esta missão”.
Um dos suspeitos detidos é sul-americano e com “um histórico de acontecimentos no país de origem”, segundo o diretor. Os outros três são europeus, de nacionalidades não comunitárias, “associados ao crime violento”.
“Penso que efetivamente serão indivíduos com um longo histórico, porque, para planearem e executarem uma missão destas, têm que ser domínios de natureza criminosa. Não se parte do zero para uma ação destas”, afirma.
Quanto à mulher, detida ontem no Porto, a PJ acredita que a sua função era de “articulação” com os quatro detidos.
Todos os detidos, incluindo aquela mulher, foram apresentados a um juiz de instrução criminal e sujeitos a prisão preventiva.
A vítima é um homem da zona de Viseu que está ligado à área financeira e que terá sido raptado, segundo a PJ, para lhe serem cobrados dividendos de produtos financeiros no valor de vários milhões de dólares americanos, a que investidores julgavam ter direito.
Segundo Avelino Lima, em causa estavam “valores muito elevados”, em ativos financeiros, moeda virtual e fundos. “Estamos a falar, efetivamente, de uma quantidade enormíssima que temos que agora também perceber qual é a real dimensão, e, acima de tudo, o que é que estamos a falar em termos da sua origem, de que fundos é que estamos a falar”, acrescenta.
O diretor da PJ do Centro deu conta que a vítima trabalha na área financeira e em função dessa atividade, “por algo que não temos totalmente escrutinado”, foi-lhe exigido a devolução de fundos. “Esses fundos terão regras próprias para ser movimentados, e provavelmente, pode ter sido esses desacordos que suscitaram, esta intervenção musculada e criminosa deste grupo”, acrescenta.
“Inequivocamente, estamos a falar de crime organizado. A forma como foi feito, o conhecimento que tinham de como atuar, a velocidade com que tentaram fugir às autoridades, demonstra que efetivamente são pessoas altamente capacitadas para este tipo de acontecimentos”, assinala Avelino Lima.
O rapto aconteceu residência da vítima, ao final da tarde do dia 19, tendo sido depois conduzida para um hotel “sob coação e violência” e sofrido “ofensas à integridade física”. A deslocação à instituição bancária da cidade de Viseu aconteceu no dia seguinte à hora de almoço.