A juíza do Tribunal de Famalicão titular do processo de insolvência pessoal de César Boaventura exige saber o paradeiro deste empresário de futebolistas. Concedeu à administradora judicial um prazo de 15 dias para obter informações sobre os reais e atuais rendimentos do insolvente, a fim de reverterem em benefício dos credores.
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Não obstante o polémico agente - que, há meses, se tornou conhecido por suspeitas de aliciar com dinheiro futebolistas do Marítimo para facilitar num jogo contra o Benfica - estar a ser julgado no Tribunal de Esposende, num processo por difamação, Paula Peres, administradora de insolvência, fez saber ao tribunal que não consegue determinar o paradeiro de César. A correspondência enviada para a sua morada fiscal veio devolvida com a menção "endereço insuficiente". Foram descobertas outras três moradas e, quanto a uma delas, a resposta dos CTT foi a indicação "mudou-se". Aguarda respostas às notificações enviadas para outras duas moradas.
Confrontado pelo JN, César Boaventura evidencia-se espantado com o relato destas diligências. "O Tribunal de Esposende notifica-me para ir a julgamento e a administradora, que tem o meu número, o meu e-mail e sabe quem é o meu advogado, não consegue notificar-me? Só não faz o que não quiser. Ela nada fez até à data", acusa o empresário.
Nada a resolver com tribunal
Boaventura não reconhece a sua insolvência pessoal. "Eu não tenho nada a resolver com o tribunal. A insolvência não faz sentido. Diz que eu sou casado, mas eu sou divorciado desde 2010", frisou, pedindo, até, ao JN, para fornecer o seu contacto à administradora de insolvência.
Quem parece estar com a paciência a esgotar-se é a juíza Ana Gavancha Nogueira, do Tribunal de Famalicão. É que são mais de cinco meses de pesquisa de informações sobre o insolvente. "Os presentes autos não podem deixar de se considerar insólitos. O mandatário do insolvente desconhece a sua morada. A sra. AI [administradora da insolvência] nunca contactou com o insolvente. Ainda assim, a insolvência está declarada desde 2014 e prossegue uma liquidação dos bens que, espera-se, sejam os únicos que o insolvente detém", escreveu a magistrada, num despacho em janeiro, no qual manda investigar o paradeiro do empresário.
No processo, a gestora da insolvência fez referência às aparições de César na comunicação social e nas redes sociais, mas garante a impossibilidade de contacto.
Ainda assim, no passado dia 8, no processo de insolvência da ex-mulher de Boaventura, foi colocado à venda em leilão um apartamento que era bem comum do casal, destinado aos credores de ambos.
PORMENORES
360 mil euros é o montante das dívidas reclamadas no processo de insolvência pessoal de César Boaventura. Os credores são bancos, Segurança Social, Finanças, EDP, PT e Vodafone.
Trabalha com Inter
César Boaventura trabalha com o colosso italiano Inter de Milão e até esteve envolvido na transferência do internacional brasileiro Gabriel Barbosa para o Benfica, mas o tribunal que o declarou insolvente afirma que "pouco se sabe sobre a sua atual situação económica".
Nunca contestou
César nunca contestou formalmente a sua insolvência, decretada em 2014. Em maio passado, informou o tribunal que o Inter de Milão transferiu 25 mil euros, por "manifesto lapso", para a sua conta pessoal penhorada. Pediu a devolução.