Juíza valida escutas dentro da Judiciária no caso de família agredida em Barcelos
O Tribunal de Instrução Criminal de Braga confirmou, esta semana, a acusação do Ministério Público contra oito arguidos acusados no processo da família barbaramente agredida, dentro de casa, na madrugada de 23 de fevereiro de 2022, na freguesia de Igreja Nova, em Barcelos.
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A juíza de instrução criminal de Braga, Carla Maia, também validou as escutas ambientais a suspeitos, gravadas dentro das próprias instalações da Polícia Judiciária de Braga, meio excecional de obtenção de prova que saiu reforçado com esta decisão.
A acusação do Ministério Público referia que, na base das agressões e roubo, esteve a concorrência entre a principal arguida, Ana Barbosa, de 54 anos, de Barcelos, e a vítima, Paula Cunha, na área da confeção têxtil, incluindo na produção de "material contrafeito, existindo entre ambas uma grande rivalidade e inimizade".
Como no ano de 2020 Ana Maria foi alvo de uma inspeção da ASAE, que lhe apreendeu, a par de artigos contrafeitos, a quantia de 168 mil euros em numerário, Ana Maria Nogueira Barbosa convenceu-se que teria sido Paula Cunha a autora da denúncia. Terá então planeado um ataque à sua concorrente, contando com o apoio da própria filha, Ana Rosa, e de um dos seus funcionários mais próximos, João Pacheco, residente em Barcelos, para o planear.
Segundo as investigações da Polícia Judiciária de Braga, os três planearam surpreender Paula Fernanda, o marido, Firmino Cunha, e os filhos do casal, em casa, na freguesia de Igreja Nova, Barcelos. E recorrendo à violência física e ao terror psicológico subtrair-lhe bens e valores, após terem realizado várias vigilâncias num Range Rover.
Segundo a acusação do Ministério Público, terão sido estes elementos principais a contactar Graciete Magalhães, companheira de Fábio Carvalho, que terá alegadamente aderido ao plano criminoso e para o qual contactaria mais pessoas da sua confiança para ajudar. Terá sido Fábio a contactar Ricardo Oliveira, Fábio Borges e Flávio Silva, com quem já cometera crimes em coautoria e com os quais tinha cumprido também penas efetivas de prisão.
O crime foi consumado na madrugada de 23 de fevereiro de 2022, os Fábio Carvalho, Ricardo Oliveira, Fábio Borges e Flávio Silva, de cara tapada e de luvas, munidos com um pé-de-cabra e armas de fogo, terão saltado o muro da moradia, situada na Rua de Santa Justiça, da freguesia de Igreja Nova, em Barcelos, entrando então na casa.
Ainda segundo apurou a Polícia Judiciária de Braga, dividiram-se entre os três quartos, agredindo o casal, que se encontrava a dormir, com murros e bofetadas, sobretudo na cabeça, cara e tronco. O advogado Álvaro Matos Martins, com escritório em Barcelos e que defende os alegados mandantes dos crimes, contactado pelo JN, não quis prestar declarações sobre tal decisão, afirmando que será tudo esclarecido na sala de audiências.