Juízes abrem "averiguação" sobre empresa de segurança do Campus de Justiça de Lisboa
O Conselho Superior da Magistratura (CSM) abriu "uma averiguação sobre as queixas recorrentes de jornalistas relativamente a uma empresa privada de segurança a operar no Campus de Justiça" de Lisboa, em particular quando se trata de casos mediáticos, revelou, esta quinta-feira, o órgão de gestão dos juízes.
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O procedimento, determinado pelo Conselho Permanente do CSM na quarta-feira, vai estar "a cargo de um inspetor do Serviço de Inspeção do Conselho", já nomeado para tal.
"O CSM recebeu uma queixa, no início desta semana, de um jornalista da SIC relativamente ao comportamento menos correto por parte de um funcionário desta empresa. Nos últimos meses, o CSM teve conhecimento de várias queixas de outros profissionais de imprensa, sobretudo quando o Campus [de Justiça de Lisboa] acolhe julgamentos mediáticos", refere esta quinta-feira, em comunicado, aquele órgão, sublinhando a "aparente gravidade" da participação mais recente.
Na nota, não é explicitado o motivo desta queixa. O JN apurou, contudo, que em causa está uma situação em que o segurança denunciado terá chamado a PSP para identificar uma equipa da SIC em reportagem no espaço exterior do Campus de Justiça de Lisboa, alegando que não poderiam estar a filmar a fachada de um dos edifícios onde estão estão instalados vários tribunais. O vigilante terá igualmente intimidado o jornalista e o repórter de imagem para que revelassem o tema do trabalho que tinham em curso, impedindo a sua permanência no local.
O caso ocorreu cerca de quatro meses depois de, em janeiro deste ano, 2024, ter sido também dificultado o trabalho dos jornalistas que acompanharam os interrogatórios, à porta fechada, dos arguidos detidos da megaoperação que atingiu o então presidente da Câmara Municipal do Funchal, Pedro Calado. Na altura, e ao contrário do que era até à data habitual, os profissionais da Comunicação Social foram proibidos de aguardar o fim das diligências no átrio do edifício, permanecendo na rua durante várias horas, e só puderam aceder às casas de banho do tribunal escoltados por um segurança.
"Oportunamente, será divulgado o relatório da averiguação e as medidas que sejam consideradas necessárias para corrigir a situação relatada", conclui, no comunicado desta quinta-feira, o CSM.