Julgado por matar e esquartejar namorado na Lapa é tramado por recolha de monos domésticos
Noel Remédios, espanhol de 49 anos, começou esta quarta-feira a ser julgado em tribunal por matar e esquartejar o namorado, Paulo Machado, de 36 anos, na sua casa em Lisboa, em março do ano passado. Funcionários da limpeza urbana encontraram as pernas do cadáver e alertaram as autoridades.
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Após a morte, a vítima foi cortada em duas partes pela cintura e colocada em caixotes do lixo na zona da Lapa. A parte superior nunca foi recuperada, mas as pernas foram descobertas por uma equipa de recolha de monos domésticos, que julgavam que se tratava de um animal.
Em tribunal, o arguido escolheu não tecer declarações no início do julgamento, mas foi ouvido o responsável pela descoberta do cadáver no lixo, funcionário da limpeza urbana. O crime aconteceu na casa onde o casal vivia na Lapa, em Lisboa, a 11 de março do ano passado, e o suspeito foi detido dias depois.
De acordo com a acusação do Ministério Público, a relação era pautada por confrontos, por vezes com violência verbal e física e, nesse dia, durante nova discussão motivada por ciúmes, Noel Remédios, de 49 anos, desferiu quatro golpes com uma faca de cozinha no corpo do namorado, Paulo Machado, de 36 anos, provocando-lhe a morte.
Cometido o crime, o arguido decidiu desfazer-se do corpo e fê-lo de uma forma violenta. De acordo com o Ministério Público, Noel cortou a vítima em duas partes, pela cintura, e colocou o corpo dividido em sacos distintos que, depois, depositou em dois caixotes do lixo perto de casa.
A metade inferior do corpo da vítima foi descoberta por uma equipa de recolha de monos domésticos da autarquia de Lisboa, na madrugada de 12 de março, na Rua Maestro António Taborda.
Em tribunal, José Antunes, assistente operacional da autarquia, que recolhia monos domésticos deixados na rua, contou em tribunal que encontrou o saco na rua, juntamente com um colega, dentro de um caixote do lixo e que, inicialmente, pensou que se tratasse de um cão por ser "mole".
"Achei estranho, fazer-se aquilo a um cão. Tirei uma fotografia, continuei a ronda e meia hora depois mostrei à supervisora. Voltámos então ao espaço e ao abrir o saco, vimos que eram duas pernas", relatou. Foi neste momento, pelas duas horas da madrugada, que a PSP foi acionada para o local.
Maria Monteiro, supervisora de José Antunes, contou em tribunal que tentou descobrir junto do Núcleo de Recolha de Resíduos se alguém tinha recolhido a segunda metade do corpo. "Consegui trazer para o local da descoberta do corpo o camião que fez a recolha do lixo no local, mas não havia vestígio da segunda metade do corpo".
A Polícia Judiciária de Lisboa deteve o suspeito poucos dias depois. Está em prisão preventiva desde o dia 15 de março e responde pela prática de um crime de homicídio qualificado e de um crime de profanação de cadáver. A investigação foi dirigida pela Secção Especializada Integrada de Violência Doméstica de Lisboa (SEIVD), do DIAP Regional de Lisboa, com a coadjuvação da Polícia Judiciária.