O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, iria começar a ser julgado, na tarde desta segunda-feira, pelo crime de peculato. Contudo, o início do julgamento foi adiado e só para outubro ou novembro é que o autarca, tal como a esposa Luísa Costa, se deverá sentar no banco dos réus para, como referiu ao JN aquando da data da acusação, negar que tenha cometido qualquer crime.
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O início do julgamento estava marcado para as 14 horas desta segunda-feira, no Tribunal de Vila Nova de Gaia. Mas, confirmou o JN, a sessão inaugural foi adiada devido aos sucessivos dias de greve dos funcionários judiciais. O protesto dos trabalhadores suspendeu muitas diligências, que estão a ser retomadas em dias em que se deveriam iniciar outras.
Com a agenda sobrecarregada, os magistrados estão a ser obrigados a adiar alguns julgamentos, entre os quais consta o que tem Eduardo Vítor Rodrigues entre os acusados. Fontes judiciais garantem ao JN que o julgamento do presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia só deverá começar entre "outubro ou novembro" deste ano.
Juiz de instrução ratificou acusação
A acusação do Ministério Público (MP) data de janeiro de 2020 e foi ratificada, em dezembro do ano seguinte, pelo juiz que conduziu a fase de instrução requerida pelo edil gaiense.
Em causa está a utilização de um "um veículo elétrico, adquirido em regime de locação financeira por empresa municipal, na sequência de contrato de ajuste direto", celebrado em outubro de 2017, mediante o pagamento de uma renda mensal de 614,54 euros. Segundo a acusação, o "veículo foi emprestado à Casa da Presidência do Município, estando na disponibilidade de uso do então presidente da Câmara Municipal, desde novembro de 2017".
Contudo, em vez de recorrer àquele automóvel no âmbito das atividades municipais, Eduardo Vítor Rodrigues e a mulher, alega o MP, "decidiram entre si que o referido veículo passaria a ser usado pela arguida nas suas deslocações diárias de e para o trabalho, aos fins de semana e feriados e em deslocações pessoais ou de lazer".
Para o MP, Luísa Costa utilizou este carro em benefício próprio entre novembro de 2017 e junho de 2018.
Admite cadeira de bebé, mas nega acusações
O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia admitiu, ao JN, que o carro em causa tinha acoplada uma cadeira de bebé que servia para transportar o seu filho. Explicou, no entanto, que tal só acontecia quando a família o acompanhava em iniciativas municipais. "A viatura era da Presidência, mas é uma falsidade que fosse para uso pessoal", assegurou, em dezembro de 2021, o presidente da Câmara.
Na ocasião, também lamentou que tivessem metido a "mulher ao barulho" e salientou que este processo começou com uma "denúncia anónima, efetuada em 2017, ano de eleições".
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