O laboratório clandestino de anabolizantes desmantelado pela Polícia Judiciária, na operação que levou à detenção de dois guardas prisionais e na constituição como arguido de outros nove, exportava produtos para o estrangeiro, além de abastecer várias cadeias portuguesas.
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De acordo com informações recolhidas pelo JN, o laboratório, que funcionava num discreto apartamento do centro de Lisboa, era protegido por uma porta blindada e escondia milhares e milhares de doses de anabolizantes, guardadas em caixotes, apreendidos pelos inspetores da Unidade Nacional de Combate à Corrupção.
O produto ilegal chegaria aos reclusos através dos guardas prisionais identificados na “Operação Mercado Negro”, mas a investigação também apurou que a droga também chegava a ginásios e outros clientes nacionais. Os indivíduos importavam os precursores que permitiam, após mistura, a produção em larga escala de anabolizante.
Mas a rede suspeita de corromper guardas prisionais também exportava os produtos. Recebiam as encomendas por contactos pessoais, mas também de redes sociais e da Internet. Os anabolizantes seguiam depois aos destinatários como simples encomendas via CTT.
A investigação ainda não apurou quando o laboratório começou a entrar em atividade, mas pela quantidade de material apreendido não há dúvidas de que a rede estava organizada e lucrava dezenas de milhares de euros.
Os 13 detidos da operação são, na tarde desta quinta-feira, levados ao Tribuna Central de Instrução Criminal, em Lisboa, onde serão submetidos ao primeiro interrogatório judicial. Ao todo são 26 arguidos suspeitos de fazerem parte da rede, entre eles, além dos dois guardas detidos, há mais nove elementos do corpo prisional indiciados por corrupção.
Pelo que foi possível apurar, o grupo montou um serviço semelhante ao “Uber”, que permitia aos reclusos de pelo menos sete cadeias receber nas celas telemóveis, droga e anabolizantes. Os guardas prisionais são suspeitos de receber 500 euros por cada serviço de estafeta nas prisões.
Passando pelo “buraco da agulha” e procurando horas mais calmas no EP, os guardas evitavam sujeitar-se aos dispositivos de segurança para fazer chegar as encomendas diretamente nas celas. Suspeita-se também que facilitavam nas revistas de visitantes que levavam droga a reclusos.