Pacto de silêncio familiar retira arguido da prisão. Regou a mulher com gasolina para a matar.
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Vinte e cinco minutos bastaram para que Madalin Ion, de 45 anos, fosse libertado do Estabelecimento Prisional de Beja, onde se encontrava em prisão preventiva desde o passado dia 24 de fevereiro, acusado de quatro crimes: dois de homicídio qualificado na forma tentada, um de violência doméstica e um de incêndios, explosões e outras condutas especialmente perigosas na forma tentada.
Na primeira sessão do julgamento realizada na manhã desta segunda-feira, um pacto de silêncio familiar levado a cabo pelo arguido e pelas vítimas, a mulher e a filha, em que todos se recusaram a prestar declarações perante o coletivo de juízes do Tribunal de Beja, levou a que ao procurador do Ministério Público não restasse outra alternativa que não fosse o pedido de extinção da medida de coação a que o cidadão romeno estava sujeito.
Terminada a sessão, sorridente, o arguido deixou o tribunal na companhia da mulher e de dois dos três filhos e dirigiu-se a uma pastelaria no centro da cidade de Beja para celebrarem a libertação.
O primeiro sinal de que este pacto de silêncio familiar pudesse acontecer em tribunal, surgiu na passada semana, quando Mariana Ion, que o arguido regou com gasolina para a matar, desistiu de dois processo cujas audiências estavam marcadas para o próximo dia 6 de dezembro no Tribunal de Família e Menores de Beja: um de divórcio sem consentimento do outro cônjuge e outro de regulação das responsabilidades paternais.
Nas alegações finais, o procurador do Ministério Público justificou que "a acusação não foi inventada. Quando envolve violência doméstica, há um historial de casos deste género em que as vítimas não falam. Em Portugal é assim, fazem queixa quando estão zangados e depois calam-se".
O caso ocorreu a 22 de fevereiro do corrente ano, quando inconformado com o fim de um casamento de 22 anos, do qual nasceram três filhos, dois dos quais ainda menores, Madalin Ion regou a mulher e o quarto da filha e outras dependências de uma casa, em Beja, com gasolina para as matar. Valeu o facto do filho ter impedido o progenitor de ter acendido dois isqueiros que tinha nos bolsos.
O presidente do coletivo de juízes marcou a leitura do acórdão para a próxima quarta-feira, onde o arguido vai ser absolvido dos quatro crimes e restituído em definitivo à liberdade, com o seu registo criminal a ficar imaculado.