Domingos Névoa rejeita acusação de desvio de 876 mil euros, por filho de Manuel Rodrigues. Empresa mais valiosa ainda por partilhar.
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O empresário Domingos Névoa vai entregar esta quinta-feira, no Tribunal de Braga, uma queixa-crime por injúria contra João Serino, filho do seu ainda sócio na Bragaparques, Manuel Rodrigues, que o acusou de desvio de dinheiro. Apesar disso, a guerra no poderoso grupo empresarial de Braga vai conhecer um período de 120 dias de tréguas, tendo em vista a divisão da última empresa por acordo, com desistência de processos judiciais.
O advogado António Raposo Subtil explica ao JN que o queixoso ficou ofendido com as declarações de João Serino (afilhado de Névoa) à revista "Sábado", dizendo que teria retirado indevidamente 876 mil euros da sociedades para a sua conta pessoal. O jurista afirma que a verba corresponde à restituição de empréstimos (suprimentos) feitos por Névoa à empresa de estacionamentos, devidamente documentados e escriturados: "Não há nenhum desvio, é uma calúnia", afirma. Já Rodrigues diz que não soube da retirada do dinheiro.
O litígio entre Névoa e Rodrigues, sócios há 40 anos, prende-se com a divisão da Bragaparques, no quadro de um "divórcio" que envolve as 20 firmas do grupo Rodrigues & Névoa.
O valor da Bragaparques
A separação previa que, para a compra da metade do outro sócio, cada um deles faria, para cada sociedade, uma oferta em carta fechada. No caso da Bragaparques, Rodrigues ofereceu 105 milhões, valorizando-a em 210 milhões, e Névoa ficou-se pelos 65, ou seja, avaliando em 130 milhões.
A divisão ocorreu sem incidentes nas várias sociedades, mas complicou-se em 17 de dezembro de 2018, data em que estava marcada a escritura de compra por parte de Rodrigues. Este acusa o seu sócio de não ter aparecido no cartório, de forma propositada, para não vender. Tese que aquele advogado rejeita, explicando que a construtora DST, sócia da empresa de águas Geswater, que estava integrada na Bragaparques, impugnou o ato de venda, invocando direito de preferência. O que, legalmente impediria a transação.
Haveria, pois - diz -, que retirar a Geswater e uma outra sociedade da Bragaparques, negociando com a DST, o que ficou concluído em março. A partir daí, Névoa comunicou várias vezes a Rodrigues o seu desejo de vender, cumprindo o contrato, mas este nunca avançou com o dinheiro.
Esta tese é rejeitada por Manuel Rodrigues, para quem a escritura era possível, pois já havia garantias bancárias de 21 milhões para entregar à DST.
Na comunicação social, Manuel Rodrigues dissera que Névoa tinha retirado a Geswater e a Criar Vantagens da Bragaparques sem o seu conhecimento. Acrescentou que o mesmo aconteceu com os suprimentos. Ao JN, um porta-voz de Rodrigues declarou que, por isso, foram intentadas duas ações em Tribunal - agora terminadas - contra a passagem da Geswater para uma outra da família de Névoa (a Notablebalcony).
PORMENORES
Quem compra?
Rodrigues diz que está comprador da Bragaparques, tendo a sua proposta sido sempre a mais alta. Névoa sustenta que o prazo de compra já passou e que tem direito a ser ele o adquirente. Há quatro meses para negociarem.
Dívidas por saldar?
Rodrigues afirma que Névoa passou as participações das duas empresas e os suprimentos para a empresa Notablebalcony, deixando as dívidas por saldar do lado da Bragaparques. O outro rejeita.
Paga 35 milhões
O preço da Geswater - que integra a empresa municipal AGERE, de Braga. Foi acordado em 35 milhões, que Névoa dará à Bragaparques. Sete milhões estão pagos e o resto será entregue em quatro meses.