Mãe da grávida da Murtosa ouviu filha a marcar encontro com arguido antes de desaparecer
A mãe de Mónica Silva, a grávida desaparecida há um ano e meio da Murtosa, revelou que a filha iria encontrar-se com Fernando Valente, acusado de homicídio, quando desapareceu, na noite de 3 de outubro de 2023. O julgamento deste caso está a decorrer em Aveiro, à porta fechada.
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Celeste Barbosa, depondo no Tribunal de Júri que está a julgar o economista e empresário Fernando Manuel Tavares Valente, de 37 anos, divorciado, disse às juízas e aos jurados ter ouvido bem o telefonema da filha com o suspeito a marcar o encontro.
Segundo Celeste Barbosa, no domingo anterior ao desaparecimento da filha, que foi na noite da terça-feira seguinte, Mónica estava em casa dos pais com o telemóvel em alta-voz. A mulher afirma ter ouvido a marcação do encontro para o dia seguinte, segunda-feira. Mas ao final da tarde de segunda-feira, desta vez já na casa da filha, também na Vila da Murtosa, Mónica Silva disse então à mãe que afinal já não se iria encontrar com Fernando Valente nesse dia, por este ter dito que estava muito cansado.
Ainda segundo o depoimento de Celeste, a filha disse-lhe então que o encontro tinha sido adiado para o dia seguinte, terça-feira, dia 3, também após o jantar. Só um dia depois, a 4 de outubro de 2023, ao regressar à Murtosa, depois de ter feito a hemodiálise trissemanal em Aveiro, é que a mãe de Mónica Silva soube pelos dois netos, então de 14 e 11 anos, que na noite anterior a filha não tinha voltado a casa.
Bebé era de Fernando Valente
Durante um depoimento marcado pela emoção, em contraste com a postura rígida do arguido, que não olhou para nenhum dos familiares da vítima, a mãe de Mónica Silva afirmou que a filha lhe disse que Fernando Valente era o pai do bebé que aguardava. A revelação foi feita sob a promessa da futura avó não contar a mais ninguém, uma vez que segundo as declarações de Celeste, Fernando Valente queria manter o relacionamento e a gravidez em segredo. Celeste afirmou em tribunal que soube pela filha que os avós paternos do futuro neto eram "Mané Gaiolas" e "Rosa Florista".
A razão para Fernando Valente ter pedido sigilo, apontou Celeste Barbosa, prende-se com o facto de Mónica Silva ser pobre, enquanto o arguido pertence à alta sociedade. Sendo uma pessoa com altos conhecimentos, ficava mal saber-se da gravidez, pois ele tinha dito que aquele filho não tinha sido planeado.
A mãe de Mónica Silva disse que quando soube do desaparecimento, a 4 de outubro de 2023, foi ao posto da GNR da Murtosa, comunicar a situação e fazer um pedido de paradeiro, referindo ter dito que Fernando Valente se encontrara com a filha.