Inês Sanches, mãe de Jéssica Biscaia, a menina de 3 anos assassinada brutalmente em Setúbal no ano passado por uma dívida, anunciou esta terça-feira no tribunal de Setúbal que quer prestar declarações, o que vai acontecer esta quarta-feira. Será um testemunho sem a presença dos restantes arguidos.
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Inês responde por homicídio qualificado por omissão, ao ter deixado a filha morrer sem zelar por ela.
Justo, Cristina e Esmeralda respondem por homicídio qualificado, sequestro, violação da vítima para tráfico de droga, coação e tráfico de estupefacientes. Já Eduardo Montes, filho de Justo responde por tráfico de droga e violação.
Na sessão desta terça-feira, uma antiga lojista testemunhou que viu Jéssica a ser levada pela mãe enrolada num cobertor no dia em que a menina morreu, ao fim de uma semana de tortura. "Vi a Inês com a menina ao colo, enrolada num cobertor, e vi a Cristina e a Esmeralda a falar com a Inês", disse Ana Marques.
A investigação acredita que foi neste momento que as arguidas entregaram Jéssica à mãe, no jardim perto da PJ de Setúbal e ameaçaram-na para a devolver quando melhorasse. A menina morreu em agonia horas depois.
"Estranhei porque a Jéssica era sempre tão mexida e estava prostrada, pensei que estivesse doente", disse a testemunha. Questionada sobre se ouviu a conversa de Inês, Cristina e Esmeralda nessa manhã, a testemunha negou.
A antiga comerciante, que tinha um cabeleireiro na baixa setubalense, referiu ao tribunal que foi a primeira vez que viu Inês com as duas arguidas e que nesse dia, quando passou por Jéssica enrolada num cobertor, Inês, Esmeralda e Cristina estavam a falar normalmente. "Não vi qualquer aflição".
Ana Marques disse também que viu Jéssica com marcas de agressões, não no dia da entrega da criança à mãe, mas semanas antes. "A Inês foi ao meu cabeleireiro buscar uma encomenda e vi que a menina estava com uma nódoa negra na cara".
Gertrudes Barafusta tinha uma mercearia junto da casa onde Jéssica foi assassinada e testemunha em tribunal que Cristina, uma das arguidas, foi à sua loja comprar lixívia no dia em que a menina morreu.
"A Cristina foi à minha loja comprar lixívia no dia em que a menina morreu, estava descontraída, comprou dois litros, pagou e saiu", disse a testemunha, que acrescenta que a compra foi ao final da tarde. Nesta altura, a morte da menina estava a ser noticiada e os arguidos, acredita a investigação, preparavam a fuga.