A mãe de Jéssica, a menina que morreu aos três anos, torturada, diz que foi para o karaoke, já depois de ver a filha em agonia, para que o namorado não desconfiasse de que algo se estava a passar e admitiu ter ligado para o pai da criança a pedir dinheiro, no dia em que esta morreu.
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A magistrada quis saber sobre a noite anterior à morte de Jéssica, em que Inês viu a menina, já com sinais de ferimentos. "Depois foi para casa ver televisão e o que fez?", questionou. "Fiz a minha vida normal. Fui ao karaoke para o Paulo, o meu namorado, não desconfiar que algo estava errado".
A procuradora questiona a progenitora da vítima sobre o dia em que esteve com a menina na casa dos homicidas, no dia antes da morte. "Eu vi a menina, estava enrolada numa manta, não consegui estar com ela".
A procuradora faz várias perguntas sobre diversas situações em relação à semana em que Jéssica foi morta. Inês afirma que não se dirigiu ao hospital quando tinha Jéssica nos braços por ter medo de perder a criança, que conheceu Justo, Cristina e Esmeralda através do seu ex-companheiro, um ou dois anos antes da morte de Jéssica e que contactou o ex-companheiro, pai da Jéssica, no dia da morte da menina. "Liguei a pedir dinheiro".
Inês foi questionada sobre o valor em dívida e alega ter pagado 50 euros, valor diferente do que disse de manhã. O juiz interrompeu as questões. "Se vem colaborar com o tribunal e a cada minuto muda o que diz, não colabora. O tribunal tem que valorar as suas declarações e se na hora de almoço para aqui já não se lembra do que me disse, nada vale", disse o juiz. Inês diz que se confundiu e que o valor em dívida pela bruxaria era de 250 euros acrescido de juros.
"Eu já nem sei quanto dinheiro devia, estavam sempre a pedir mais", adiantou.
Inês fala sobre como conheceu a família e nova contradição surge. "Conheci os Montes quando eles iam à nossa casa cobrar o dinheiro que estava a dever. Ele [o ex-companheiro] nunca pagou e começaram a pedir-me o dinheiro. Depois paguei o valor da dívida de droga".
Chorou em tribunal e disse tomar 14 comprimidos por dia
Inês é questionada pelos advogados e logo fica sem resposta. "Se estava a pagar dívidas do seu ex-companheiro e falava com ele muitas vezes porque não se queixou que estava a pagar dívidas dele?". O juiz reforçou. "Se até o tratava por amor e no próprio dia pediu 50 euros, porque não lhe disse o que estava a acontecer?". A resposta foi vaga. "Nunca comentei com o Alexandrino que estava a pagar as dividas dele. Eu sei que fiz asneiras, não sei porque não disse".
Inês explica que é medicada com 14 comprimidos por dia. Questionada pela sua advogada sobre se tem consciência do que fez, chorou e reforçou estar arrependida.