A mãe de Rui Pedro, o menino que desapareceu de Lousada em 1998, partilhou, a partir do jornal regional "Terras do Vale do Sousa", uma mensagem emocionada que apela à luta e à lembrança contínuas.
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Rui Pedro foi dado como desaparecido há quase 20 anos, quando tinha onze. Os contornos do desaparecimento não são claros e nunca houve certezas quanto ao seu paradeiro. Muito se especulou sobre o caso, com o coletivo de juízes de Lousada e o Tribunal da Relação do Porto a discordarem, inclusivamente, de alguns pontos do processo.
Sabe-se que, na tarde de quatro de março de 98, Rui pediu à mãe para ir dar uma volta de bicicleta e já não regressou. A Relação do Porto deu como provado que o rapaz foi conduzido pelo arguido Afonso Dias, condenado em 2013 a três anos e seis meses de prisão efetiva por rapto, a uma prostituta para ter relações sexuais, o que, segundo declarações da própria em tribunal, acabou por não acontecer tal era o estado de nervosismo do menino.
Rui Pedro voltou para o carro de Afonso e não foi mais visto. Afonso nunca disse o que aconteceu a seguir.
A mãe, Filomena Teixeira, não deixou de lutar para encontrar o filho e partilhou, esta quinta-feira, uma mensagem emocionada para nunca o fazer esquecer.
O jornal regional "Terras do Vale do Sousa" veiculou, no Facebook, uma carta de Filomena dirigida a todos os portugueses, onde lamenta a forma como por vezes convive com o desaparecimento do filho e a saudade.
"Quero ter a mente sempre ocupada a ler ou a fazer alguma coisa... Ultimamente leio livro atrás de livro, numa ânsia desmedida. Quero não pensar. Quero pensar que sou outra pessoa e que convivo com a dor saudavelmente. Não quero acreditar que esta saudade me invade e me faz explodir de dor. A quem falar? A quem contar? Confiar? O que me podem dizer? Queria tanto ser diferente, faço tudo ao contrário, fecho-me, isolo-me", escreveu Filomena Teixeira.
Apesar do silêncio que tantas vezes pediu, em público, que fosse quebrado, a mãe de Rui Pedro continua a pedir que não se deixe de lembrar o filho. "Prometam-me que não se esquecem dele. E se me acontecer qualquer coisa, continuem a lutar por saber o que lhe aconteceu. É já tudo o que me resta! Este desespero de saudade que só quem é mãe sente. Por favor não se esqueçam dele. Nunca desistam.
Mãe."