Polícia Judiciária investiga mortes em Válega. Vítimas não atendiam família há dias e neto encontrou corpos.
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A Polícia Judiciária de Aveiro (PJ) está a investigar a morte de duas mulheres, mãe e filha, na freguesia de Válega, Ovar, vítimas da inalação de monóxido de carbono. As autoridades tentam apurar o que levou uma das mulheres a colocar no quarto onde foram encontradas sem vida, este sábado de manhã, uma churrasqueira de jardim que libertou o gás fatal.
Os corpos de Rosa Ângela, 85 anos, e da filha, Maria Alice Teixeira, 62 anos, estavam no quarto situado no rés-do-chão da habitação localizada junto à Estrada Nacional 109. Há dois dias que as mulheres não atendiam as chamadas dos familiares, motivo pelo qual um dos netos foi à casa para saber o que se passava. Acabaria por ser confrontado com o trágico cenário.
Carta enigmática
A GNR esteve no local, mas solicitou a presença da PJ de Aveiro, que ali se manteve, toda a tarde, a recolher indícios que ajudem a precisarem o que terá estado na origem das mortes. Para além da possibilidade de terem levado a churrasqueira para se aquecerem o que, soube o JN, faziam quando estava frio, os inspetores analisavam outro tipo de explicações.
O JN apurou que foi encontrada uma carta na habitação, escrita por uma das vítimas, que levantou dúvidas às autoridades, designadamente sobre a possibilidade de não se ter tratado de um acidente, pois a mulher mais nova sofria de uma doença grave. Não há ainda conclusões definitivas, mas é certo que foi a churrasqueira a causar as mortes e que estas deverão ter ocorrido hoje.
Os corpos já foram transportados para o Instituto de Medicinal Legal, em Aveiro, onde serão realizadas as autópsias que deverão trazer à investigação da Judiciária elementos fundamentais para resolver o caso.
"Ela [a filha] não andava muito bem ultimamente. Pelo que dizia ficamos sempre com receio de que alguma coisa pudesse acontecer", disse, ao JN, uma vizinha, sob anonimato.
"Eram boas pessoas"
Outros moradores da zona garantem que a mãe era vista com alguma frequência no jardim e que a filha esteve, há dias, numa padaria próxima. "É uma tragédia muito grande. Eram boas pessoas. Falava com elas algumas vezes e não esperava que lhes acontecesse uma coisa destas", comentava um morador.
Para além das autoridades policiais, estiveram no local os bombeiros de Ovar, a VMER de Vila Nova de Gaia e ambulância de emergência médica de Ovar.