Conflito aconteceu em atendimento da filha nas urgências do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, e foi testemunhado por utentes e funcionários.
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Uma mulher, de 25 anos, vai ser julgada no Tribunal Criminal de Loures por, segundo o Ministério Público (MP), ter proferido insultos de "caráter racista" contra um pediatra, com cerca de 50 anos, que atendeu a sua filha nas urgências do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures. A arguida está acusada de um crime de injúria agravada e outros de difamação agravada, em ambos os casos puníveis com multa ou pena de prisão inferior a um ano.
O caso remonta a 29 de julho de 2018, quando, pelas 23.30 horas, o médico e a mãe da criança se desentenderam durante uma consulta nas urgências daquela unidade de saúde. Segundo a acusação do MP, a que o JN teve acesso, a arguida saiu "abruptamente do gabinete onde decorria o atendimento, com a bebé ao colo". De seguida, terá gritado: "Você pensa que está a examinar um animal. Seu preto de merda, preto do caralho, animal é você, filho da puta". Os insultos, alegadamente dirigidos ao clínico, terão sido presenciados por outros utentes e funcionários do Hospital Beatriz Ângelo.
Para o MP, a mãe quis atingir o pediatra "na sua honra e consideração profissional", usando, para tal, "expressões de caráter racista", de modo a denegri-lo "de forma mais ofensiva", "unicamente" pela raça.
Função agrava crime
O procurador titular do inquérito decidiu, por isso, acusar a arguida de um crime de injúria agravada, punível com pena de prisão até quatro meses e meio ou multa até 180 dias, e um outro de difamação agravada. Este último é punível, por sua vez, com pena de prisão até nove meses ou multa até 360 dias. O agravamento dos ilícitos em causa é justificado pelo MP pelo facto de, quando foi insultado, o médico se encontrar no exercício das suas funções.
O início do julgamento, perante um tribunal de um só juiz, está agendado para abril. O queixoso exige ainda ser indemnizado pelos danos sofridos.