Vasco Brazão, o major da Polícia Judiciária Militar (PJM) que está em prisão domiciliária por ter participado na encenação da recuperação das armas de Tancos, voltou a ser ouvido por procuradores do Ministério Público, na manhã desta terça-feira. O interrogatório continua esta tarde.
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Vasco Brazão pediu para ser novamente ouvido para esclarecer a entrega do memorando que garantiu ter dado ao chefe de gabinete do antigo ministro da Defesa Azeredo Lopes e onde era admitida a operação de encobrimento
O documento, alega Brazão, menciona claramente que tudo foi encenado, com autorização da chefia da PJM, na altura liderada pelo coronel Luís Vieira, atualmente em prisão preventiva. Este arguido também vai voltar a ser ouvido pelos procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) .
Foi depois de saber que o então ministro da Defesa e o seu antigo chefe de gabinete, o tenente-general Martins Pereira, negaram ter tido conhecimento do encobrimento que Vasco Brazão decidiu pedir aos procuradores do DCIAP para voltar a ser ouvido.
Defendeu que o Ministério da Defesa sabia de tudo. Segundo Brazão, este "memorando" (sem timbre da PJM, assinaturas ou data) foi entregue a Martins Pereira durante uma reunião no ministério, em novembro do ano passado - cerca de um mês depois da recuperação do armamento - onde estaria também o ex-líder máximo da PJM, o coronel Luís Vieira. Este oficial negou o seu envolvimento na encenação e que a tutela soubesse de tal encobrimento.
Também Martins Pereira já veio negar estar a par do pacto entre a PJM, os investigadores da GNR de Loulé e pelo menos um suspeito do furto de Tancos para recuperar o arsenal. O ex-chefe de gabinete entregou na semana passada no DCIAP um "memorando" sobre a operação da Chamusca, que garantiu ser "o verdadeiro", afirma tê-lo recebido oficialmente no dia seguinte à recuperação e que não tem qualquer referência à encenação.