Malas com 30 quilos de cocaína retiradas do aeroporto de Lisboa sem fiscalização
Dois funcionários de uma empresa de handling do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, estiveram ao serviço de traficantes de droga, durante vários anos. Os dois homens recolhiam malas, carregadas com cerca de 30 quilos de cocaína, do porão dos aviões que aterravam na capital portuguesa e, já no exterior do aeroporto, entregavam a bagagem a elementos da organização criminosa.
Corpo do artigo
Ambos foram detidos, nesta segunda-feira, pela Polícia Judiciária (PJ), numa operação batizada de "Madrugadas Brancas". Detido foi também um polícia municipal, que desempenhava as funções de segurança e ainda de transportador das malas de droga. No final do primeiro interrogatório judicial, os três homens foram libertados com a obrigação de se apresentarem na esquadra da PSP.
Funcionários despedidos
Os dois funcionários tinham como principal tarefa retirar as bagagens do porão dos aviões, transportá-las até ao interior do aeroporto e colocá-las nos tapetes rolantes. Porém, nem sempre se limitavam a fazer este trabalho. A Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ suspeita que, ao longo dos vários anos em que trabalharam na empresa de handling, também retiraram malas carregadas de droga do aeroporto enviadas por diferentes cartéis, uma vez que prestavam serviço a todos que pagassem as avultadas quantias exigidas.
O esquema começava na América do Sul, onde os traficantes de droga controlavam igualmente trabalhadores do aeroporto local para, de forma dissimulada, meter as malas com cocaína no porão do avião com destino a Lisboa. Já depois da aterragem da aeronave no Aeroporto Humberto Delgado, entravam em ação os portugueses.
Tendo conhecimento prévio de quais eram as malas que escondiam a cocaína, os dois funcionários dirigiam-se ao porão, recolhiam a bagagem e escondiam-na num dos armazéns até terem possibilidade de a transportar até ao exterior do aeroporto. Noutras situações, as malas eram levadas diretamente do avião para fora das instalações aeroportuárias.
Num ou noutro caso, as malas eram entregues a outros elementos das redes criminosas sem serem alvo de qualquer fiscalização. Era nesta altura que o polícia municipal entrava em ação para garantir o transporte da droga até ao destinatário ou para manter protegido o transportador.
Detidos e libertados
Segundo apurou o JN, cada uma das malas escondia entre 25 e 30 quilos de cocaína e a PJ acredita que, nos vários anos em que os dois homens estiveram a trabalhar para a empresa de handling, estas chegaram a Portugal com regularidade.
Quando, na segunda-feira, os funcionários foram detidos já tinham sido despedidos da empresa, contrariamente ao polícia municipal, que continuava colocado num município da Grande Lisboa. Os três foram levados a tribunal e, depois de interrogados, libertados. Um está obrigado a apresentar-se todos os dias na esquadra da PSP e os restantes uma vez por semana.