O Tribunal de Coimbra começa a julgar na sexta-feira um homem de 42 anos acusado de maltratar os pais durante mais de 20 anos, havendo referência de comportamentos agressivos quando o arguido tinha 16 anos.
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Os primeiros episódios de comportamentos agressivos do arguido contra os pais terão começado quando o filho teria entre 16 e 17 anos e a família vivia em França, onde o acusado nasceu, refere a acusação a que a agência Lusa teve acesso.
Desde os 14 anos que o arguido passou a consumir droga, o que terá, desde sempre, afetado o seu comportamento e a relação com os progenitores, afirmou o Ministério Público, alegando que, ainda em França, o na altura jovem exigia dinheiro aos pais para comprar droga, ameaçando-os, especialmente a mãe, a quem se referia usando termos pejorativos.
A partir de 2003, a família mudou-se para o concelho de Condeixa-a-Nova (distrito de Coimbra), sendo vários os episódios de violência relatados na acusação, em que o arguido exigiria "a sua parte da herança", tendo por várias vezes ameaçado matar os pais e pegar fogo à casa.
Numa dessas ocasiões, em 2004, terá agredido o pai e empurrado a mãe contra o chão, que, alegadamente, ficou inconsciente com o choque.
A irmã da mãe do arguido, que vivia no andar de cima da residência, acabou por mudar de casa, por temer por si e pela sua família, na altura com dois filhos com cerca de cinco anos de idade.
Também os pais do arguido chegaram a arrendar uma outra casa no mesmo concelho, onde o filho pudesse viver, com medo das ameaças que este fazia, conta o Ministério Público.
No entanto, passados poucos meses, o arguido regressou à casa dos pais, voltando também os episódios de violência, que aconteciam pelo menos "uma vez por semana".
Pais chegaram a fugir de casa
Numa das discussões, que terá ocorrido há mais de 12 anos, os pais acabaram mesmo por fugir de casa para a residência de um familiar, com medo de que o filho os matasse, alega o Ministério Público.
Posteriormente, o arguido sofreu duas condenações em pena de prisão efetiva, que cumpriu entre 2017 e 2023, mantendo, mesmo encarcerado, o ascendente sobre os pais, exigindo que estes lhe transferissem dinheiro, dizendo que, caso tal não acontecesse, que mandaria matá-los, lê-se na acusação.
Regressado a casa, em 2023, em liberdade condicional, o arguido voltou a maltratar os pais, tendo também ameaçado uma vizinha e um familiar.
No final de abril de 2023, o arguido terá dito que iria cortar os pais "aos bocadinhos", tendo chegado a vedar o acesso da casa aos progenitores.
Nessa altura, foi chamada a GNR que conseguiu retirar o arguido da residência.
Segundo a acusação, tanto o pai como a mãe do arguido têm vários problemas de saúde e dificuldades de locomoção.
No processo, é pedido que o arguido seja retirado da sala de audiências, quando os pais forem chamados a depor.
O arguido é acusado de dois crimes de violência doméstica, um crime de ameaça agravada e um crime de coação agravada.