O empresário Manuel Serrão foi constituído arguido na manhã da passada terça-feira, apurou o JN. A investigação da Operação Maestro suspeita que o empresário terá liderado um esquema criminoso de desvio de vários milhões de euros de fundos europeus.
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A Operação Maestro, na qual está também envolvido o jornalista Júlio Magalhães, desencadeou-se a 19 de março deste ano. Foram cumpridos 78 mandados de buscas, 31 domiciliárias e 47 não domiciliárias, que visaram "a recolha de elementos probatórios relacionados com fortes suspeitas da prática dos crimes de fraude na obtenção de subsídio, fraude fiscal qualificada, branqueamento e abuso de poder e que lesaram os interesses financeiros da União Europeia e do Estado português".
Além do empresário e do jornalista estão também sob investigação vários outros gestores empresariais e funcionários da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e do Programa Compete. Existem suspeitas da utilização de faturas de favor ou mesmo fictícias, destinadas a inflacionar os valores dos projetos apresentados às entidades gestoras de programas de financiamento europeu, na promoção da fileira téxtil. Entre as associações visadas está a Selectiva Moda, dirigida por Manuel Serrão, assim como duas empresas lideradas pelos suspeitos, que receberam mais de 38 milhões de euros.
Os indivíduos são suspeitos de terem criado uma teia de empresas, destinadas a dar uma aparência legal a emissão de faturas de serviços e fornecimentos de bens inexistentes. Para já, a investigação detetou 14 operações suspeitas que foram aprovadas, na sua maioria, no quadro do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI), executadas desde 2015.
A investigação suspeita que Manuel Serrão terá vivido, durante anos, no Hotel Sheraton do Porto, à custa de fundos europeus destinados a promover os têxteis portugueses.