Marco Orelhas, o filho Renato e mais cinco arguidos começam esta manhã de quinta-feira a ser julgados pela morte de um adepto de 26 anos junto ao Estádio do Dragão. O crime ocorreu durante os festejos do título, em maio de 2022. Há fortes medidas de segurança no Tribunal de São João Novo.
Corpo do artigo
Alguns familiares de Igor Silva, incluindo a mãe, encontravam-se à porta do tribunal, à espera da chegada dos arguidos. Registaram-se alguns momentos de tensão, na passagem do carro celular. Vários elementos da PSP estão presentes para garantir a segurança.
Segundo a acusação, validada pelo Tribunal de Instrução Criminal do Porto, o grupo de sete homens, onde se incluía Marco "Orelhas", destacado elemento dos Super Dragões e pai de Renato Gonçalves, 20 anos, montou uma emboscada a Igor com o propósito de lhe tirar a vida. Foi Renato quem liderou "perseguição desenfreada" e esfaqueou a vítima 18 vezes, em três momentos diferentes, sustenta o Ministério Público
Historial de confrontos
Na origem das desavenças estiveram, primeiro, agressões de Renato a um irmão de Igor, numa discoteca; depois, houve confrontos entre este último e Renato e a sua irmã Iara, na Queima das Fitas. Os pais de Renato e Iara chegaram a ir ao bairro de Ramalde em busca de Igor. Provocaram desacatos, mas não o encontraram.
Todos membros da claque portista, encontraram-se, dias depois, a 7 de maio de 2022, no Estádio da Luz, no jogo que daria o título de campeão ao F. C. do Porto. Marco e Renato viram Igor e, de imediato, desafiaram-no para lutar mesmo ali, na bancada. Gerou-se uma contenda, que só cessaria com a intervenção de terceiros.
O F. C. Porto ganhou e a equipa e os adeptos rumaram à Invicta para festejar o título junto ao Estádio do Dragão. Já de madrugada, Renato e uns amigos cruzaram-se com Igor, gerando-se uma acesa troca de palavras. Igor, que também estava com amigos, foi para outra zona do recinto.
Perseguiram e agrediram com o objetivo de lhe tirar a vida
Ainda segundo a acusação, motivados por um desejo de vingança alguns dos suspeitos perseguiram, manietaram e agrediram a vítima com o propósito de lhe tirar a vida, agredindo-o a socos, murros e pontapés e usando uma faca com uma lâmina de cerca de 15 a 20 centímetros.
Nessa sequência, a vítima mortal, de 26 anos, foi esfaqueada várias vezes em diferentes partes do corpo e, apesar de ainda ter sido transportada para o Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, acabou por morrer, refere.
"As lesões traumáticas torácicas e abdominais determinaram como consequência direta, adequada e necessária, a morte [da vítima]", sublinha a acusação.
O Ministério Público (MP) considera ainda que os setes arguidos acusados de matar o adepto "não souberam refrear os seus impulsos violentos, motivados por um desejo de vingança, numa escalada de violência por motivos relacionados com desentendimentos familiares". Atuaram "de forma concertada, em conjugação de esforços e divisão de tarefas" usando da violência e de uma faca para impedir que a vítima se defendesse e fugisse, ressalva.
Os arguidos agiram de forma "livre, deliberada e consciente" sabendo que a sua conduta poderia causar a morte da vítima, tal como aconteceu, e que era proibida e punida por lei.