O percurso da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, tem sido fértil em declarações polémicas. A mais recente é a do direito à greve nas polícias, com a governante a dizer uma coisa de manhã, sendo desmentida pelo seu ministério à tarde.
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Margarida Blasco, falando no domingo, na sessão de encerramento do primeiro Congresso da ASPP/PSP (Associação Sindical dos Profissionais da Polícia), admitiu que o direito à greve nas polícias é "um ponto que pode estar e estará, com certeza, em cima da mesa", nas negociações que irá manter com os sindicatos, em janeiro do próximo ano.
Uma intenção que durou poucas horas, pois, ao final da tarde, foi o próprio ministério da Administração Interna a esclarecer que "a posição do Governo é clara: nesse diálogo pode ser discutida a representação laboral e os direitos sindicais. Mas não o direito à greve".
Mas a governante, juíza conselheira jubilada, e que já foi inspetora-geral da Geral Administração Interna, soma intervenções desastradas desde que tomou posse, em abril deste ano.
Polémica nos incêndios
No grande incêndio da Madeira, em agosto, e quando questionada sobre o pedido de mais um meio aéreo, Margarida Blasco afirmou que "penso que todos conhecem a Madeira, tem uma urologia (em vez de orografia) e toda a parte norte da ilha é muito escarpada".
E, mais adiante, acrescentaria que "é uma ilha lindíssima e as pessoas são muito boas" e "quando um pedaço do nosso Portugal está em crise somos dos primeiros a ser solidários".
A ministra voltou a chamuscar-se nos grandes incêndios que assolaram o Continente, em setembro. Respondendo a uma crítica da presidente da Câmara de Arouca, Margarida Belém, que se queixava de que a ministra tinha "o telemóvel desligado", a governante mostrou-se surpreendida e afirmou que tentou "devolver a chamada".
Explicaria mais tarde, quando questionada sobre o seu silêncio durante a vaga de incêndios que quis evitar "intervenções desnecessárias" e que "as boas práticas" a isso a aconselhavam.
Mais recentemente, numa entrevista à TSF/DN, Margarida Blasco, e falando da infiltração de movimentos radicais entre as forças de segurança, afirmou que, com "a formação que estamos a dar, a formação para a qual queremos evoluir, vai, efetivamente, retirar a fruta podre do grande cesto que são as forças de segurança".
Uma declaração que não caiu bem entre as organizações sindicais, que alertaram para o perigo das generalizações.