O líder do partido Ergue-te, Rui Fonseca e Castro, e o neonazi Mário Machado foram detidos esta sexta-feira pela PSP em Lisboa, após uma concentração de apoiantes da extrema-direita não autorizada.
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Antes da detenção, a PSP avisou o ex-juiz de que estava a incorrer num crime de desobediência. Momentos depois Fonseca e Castro acabou por se entregar, criando momentos de tensão, o que exigiu a intervenção do dispositivo policial para conter a agitação.
O líder do movimento 1143, Mário Machado, foi detido pela PSP na zona do Rossio, em Lisboa, após se terem registado confrontos entre apoiantes dos grupos de extrema-direita e manifestantes anti-fascistas. O neonazi já conta com diversas condenações.
Mais de uma centena de apoiantes de grupos de extrema-direita como o Habeas Corpus e o 1143 gritaram: "prendem um, prendem todos".
Os confrontos físicos e arremesso de objetos, inclusivamente garrafas de vidro, foram registados pelas 17 horas entre os grupos antagónicos. Estes confrontos obrigaram mais uma vez a polícia a intervir para dispersar a agitação que se gerou, verificando-se episódios de violência com pessoas feridas.
Do lado dos movimentos Habeas Corpus e 1143 e do partido Ergue-te gritava-se "Salvação" enquanto do lado oposto ouvia-se "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais".
Depois dos confrontos, cerca de meia centena de elementos da PSP formaram um cordão de segurança, separando os grupos antagónicos. Os apoiantes de movimentos de extrema-direita ficaram junto ao Largo de São Domingos, enquanto os manifestantes anti-fascistas, inclusive os elementos que vinham do desfile na Avenida da Liberdade, ficaram do lado da Praça do Rossio.
Presente na ação dos movimentos de extrema-direita está também José Pinto Coelho, ex-presidente do PNR - Partido Nacional Renovador, atual Ergue-te.
Defendendo a "alma lusitana", os apoiantes de extrema-direita afirmaram, em referência ao aumento da imigração: "Se não nos unirmos, Portugal vai desaparecer".
Estes manifestantes queixaram-se também da intervenção da PSP, referindo que foram agredidos "sem justificação" e mostrando as marcas no corpo como prova do impacto dos bastões da polícia.
Contestaram ainda a "expulsão" da Praça do Martim Moniz, onde previam realizar a sua ação e onde decorreu uma concentração antifascista, para o Largo de São Domingos, desvalorizando a falta de autorização por parte da PSP e da Câmara Municipal de Lisboa, afirmando que se tratava de "um convívio nacionalista".
Pelas 17.30 horas, o cordão policial já tinha sido desfeito, mas mantinham-se várias dezenas de polícias no local.
Apoiantes de movimentos da extremistas exaltaram-se
Depois de a Praça do Martim Moniz ter sido ocupada, desde as 15 horas, por manifestantes contra a iniciativa da extrema-direita, o partido Ergue-te decidiu fazer a concentração num local próximo, no Lardo de São Domingos, no Rossio, com o apoio do movimento Habeas Corpus, bem como do grupo de extrema-direita 1143, liderado por Mário Machado, que também esteve presente.
"Portugal é nosso!!", lê-se num dos cartazes erguidos pelos apoiantes da extrema-direita, que também gritaram, por várias vezes, "Portugal" e o hino nacional, com bandeiras do país.
Esta ação aconteceu enquanto, ao mesmo tempo, e num local bem próximo, na Avenida da Liberdade, se realizava o tradicional desfile do 25 de Abril, no dia em que se celebra os 51 anos da Revolução dos Cravos.
Aquando a detenção do presidente do Ergue-te, que disse que se entregou à polícia "em nome da liberdade", os apoiantes de movimentos da extremistas exaltaram-se e o forte dispositivo da PSP, inclusive das Equipas de Intervenção Rápida, teve de intervir, com a utilização da força, registando-se momentos de alguma violência física.
Durante a concentração, os apoiantes da extrema-direita insultaram jornalistas e também o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), que não deu aval à manifestação, após parecer negativo da PSP.
Inicialmente, o Ergue-te e o movimento Habeas Corpus, com o apoio do grupo de extrema-direita 1143, anunciaram uma manifestação com "porco no espeto" no Martim Moniz, a partir das 15 horas desta sexta-feira, feriado do dia 25 de Abril de 1974 - Revolução dos Cravos.
