O social-democrata Luís Marques Mendes testemunhou, esta quinta-feira, em tribunal, que não tem "nenhum dado que aponte" que o ex-ministro Manuel Pinho (2005-2009) tenha querido favorecer, no exercício de funções, uma empresa participada pelo BES com projetos no setor da energia.
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O comentador político reuniu-se, na altura, com o então governante socialista na qualidade de presidente da Associação de Produtores de Energia e Biomassa, uma vez que, à data, exercia funções de gestão numa empresa que tinha no seu portefólio um projeto para produção de energia a partir da biomassa. Esta empresa tinha como concorrente a Fomentinvest, da qual o Banco Espírito Santo (BES) era um dos acionistas.
Questionado esta quinta-feira pela defesa de Manuel Pinho, acusado pelo Ministério Público de ter sido corrompido pelo ex-banqueiro Ricardo Salgado para beneficiar o BES e o Grupo Espírito Santo (GES), se alguma vez sentira que o antigo governante quisera favorecer a Fomentinvest, Marques Mendes negou.
"Não tenho nenhum dado que me permita apontar nesse sentido", afirmou, no julgamento que decorre no Tribunal Central Criminal de Lisboa. "As nossas conversas eram em termos gerais, não eram sobre o grupo A, B ou C", sublinhou o advogado.
Entre os projetos em que, segundo a acusação, Manuel Pinho terá beneficiado o BES/GES estão os considerado de interesse nacional, conhecidos por PIN e cujo licenciamento é facilitado. Esta quinta-feira, o antigo presidente do PSD criticou a sua existência, por, entre outros aspetos, suporem "uma atitude discriminatória entre empresas" e criarem a perceção pública, "justa ou injusta", de que "pode haver alguma favorecimento" de certas entidades.
"Não sei se têm favorecimento ou não. Nunca analisei [qualquer PIN]. Nunca conheci nenhum em que tenha havido favorecimento ou desfavorecimento", ressalvou Marques Mendes, chamado a depor pela defesa de Manuel Pinho.
O antigo ministro da Economia, de 69 anos, está acusado de corrupção passiva, branqueamento e fraude fiscal. Já Ricardo Salgado, de 79 e diagnosticado com a doença de Alzheimer, responde por corrupção ativa e branqueamento. A mulher de Manuel Pinho, Alexandra Pinho, de 63 anos, senta-se igualmente no banco dos réus, por branqueamento e fraude fiscal. Os arguidos têm, em geral, negado a prática dos crimes imputados.
O julgamento prossegue esta quinta-feira à tarde e nos próximos dias com a audição de mais testemunhas de defesa.