José Artur nunca aceitou a separação com Conceição Ferreira e, na noite de terça-feira, matou-a com um tiro de caçadeira, antes de se suicidar com a mesma arma, em Pedrouços, Maia. Havia cerca de um ano que o homicida perseguia a ex-companheira e que ela evitava sair de casa para não se cruzar com ele. Antes do homicídio, o homem tentou matar a filha e a neta de dez anos da vítima mortal.
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"Eu disse-te que ia desgraçar a minha vida". Terão sido estas as últimas palavras do homem, de 65 anos, antes de premir o gatilho da espingarda caçadeira contra "Sãozinha" - como era carinhosamente apelidada a mulher de 60 anos - à porta de casa desta, na rua Pedro Ivo.
"Ouvi um tiro e vim à janela. A senhora já estava no chão e depois vi-o a dar um tiro nele próprio", explicou ao JN uma vizinha da vítima que ligou de imediato para a Polícia. A morte da vítima foi decretada no local por uma equipa do INEM, que encontrou o homicida em estado crítico e tentou reanimá-lo. José Artur acabou por morrer no hospital, pouco depois. A PSP isolou o local e identificou alguns vizinhos, enquanto inspetores da Polícia Judiciária do Porto recolhiam elementos de prova destinados a reconstituir o crime e a iniciar a investigação.
Sãozinha, que é proprietária de vários imóveis na zona, manteve uma relação com o homicida durante vários anos. Mas as constantes crises motivadas pelo excessivo consumo de álcool do companheiro levaram-na a por um término ao namoro.
"Ele bebia muito. E eles discutiam muito por causa disto. Depois de se terem separado, ela evitava sair de casa com medo de se cruzar com ele. Porque quando ele bebia tornava-se mau", confiou uma vizinha e amiga da vítima.
Antes de assassinar "Sãozinha", José Artur foi à casa da filha da ex-companheira. Culpava-a pelo termino da relação com a mãe. De acordo com relatos feitos ao JN, o homem forçou a entrada do apartamento, situado próximo da Rua Pedro Ivo, e disparou dois tiros de caçadeira na cozinha da habitação. Não atingiu nem a filha nem a neta da ex-companheira, que procuraram fugir. Depois, fez uma centena de metros para chegar à habitação de "Sãozinha", onde a matou e se suicidou".
Sandra Teixeira, 42 anos, que era como uma afilhada para "Sãozinha", explicou ao JN que o homicida nunca aceitou o fim da relação. "Vinha aqui muitas vezes e ela não o queria ver porque dava sempre problemas. Ele era muito conflituoso e desgraçou duas vidas".
O corpo de "Sãozinha" foi levado para a morgue já no início da madrugada de quarta-feira para ser autopsiado.