Nuno Soares esfaqueou o progenitor e alertou a GNR. Na quinta-feira, foi enviado para a ala psiquiátrica da prisão.
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Nuno Soares esfaqueou mortalmente o pai, de 64 anos, na noite de quarta-feira, em Caíde de Rei, Lousada. Fê-lo um dia depois de ter ligado ao pároco da freguesia, com quem era suposto ter-se encontrado na quinta-feira, para conversar. Já ontem, o homicida confesso, que foi detido logo após o crime, foi levado a tribunal e preso preventivamente, mas, ainda por determinação de um juiz, vai ficar na ala psiquiátrica da cadeia de Santa Cruz do Bispo.
Nuno Soares, que tem 31 anos e trabalhava numa empresa de instalação de ar condicionado, era visto como um homem pacato. Mas, nos últimos dias, o seu comportamento alertou algumas pessoas que o conheciam. Terça-feira à tarde, foi deixar uma flor à porta da igreja. Depois, ligou ao padre André Soares, a pedir para conversar com ele.
"Tivemos uma conversa normalíssima. Não o conheço, mas disponibilizei-me para falar com ele", esclareceu. Então, combinaram que Nuno lhe ligaria ontem, quinta-feira, para definirem a hora para se encontrarem. "Mas não chegou a acontecer o encontro", lamentou o pároco, ao JN.
O crime ocorreu na casa que Nuno Soares e o irmão partilhavam com o pai, Manuel Soares. Desde que a mãe morreu - foi encontrada sem vida, no poço da habitação, em 2004 -, os dois homens viviam com o progenitor e eram apoiados por uma irmã que mora numa freguesia vizinha. Na noite do crime, a família esteve reunida ao jantar. Depois da refeição, os irmãos saíram. Nuno ficou sozinho com o pai e a tragédia aconteceu na cozinha, com ele a desferir três golpes mortais no pai, por razões que não explicou às autoridades quando foi detido.
"Nunca teve problemas"
Nuno ligou à irmã para contar o sucedido. Mas foi o sobrinho menor quem atendeu o telefone e ouviu Nuno confessar o assassinato do pai. Depois telefonou à GNR e aguardou, nas imediações da casa, a chegada das autoridades, trancando a porta da divisão onde se encontrava o pai, em paragem cardiorrespiratória.
Nada fazia prever o episódio violento ocorrido no seio de uma família muito respeitada pela comunidade, que se manifesta incrédula com a tragédia que se abateu sobre um dos seus. "É um miúdo que vi nascer e que cresceu aqui na rua. É uma pessoa humilde, educada, que nunca teve problemas com ninguém", contou Adão Moreira, presidente da Junta de Caíde de Rei e vizinho da família.
"Nem tive pernas para lá ir. Cresci com os pais dele e é muito triste ver acontecer uma coisa destas que acabou com a vida dos dois", desabafou Maria Teixeira, outra vizinha.