
O arguido despistou-se em ponto da autoestrada onde acabara de ocorrer outro acidente
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Jovem começou a ser julgado por despiste na A42, em Paços de Ferreira, em 2019. Responde por três crimes de homicídio por negligência.
Sandro Ferreira viu ontem no Tribunal de Penafiel - onde começou a ser julgado por três crimes de homicídio por negligência grosseira - o vídeo do trágico acidente de viação, que ocorreu no dia 17 de novembro de 2019, na A42, em Paços de Ferreira, e do qual resultaram três mortos, entre os quais um militar da GNR. Visivelmente abalado, o jovem carpinteiro, de 23 anos, garantiu ao Tribunal não se lembrar do que aconteceu naquela fatídica tarde de domingo. "Não sei se me atrapalhei com o carro da frente, mas eu não sou aquilo", comentou, depois de visualizar a gravação.
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Segundo a acusação, Sandro Ferreira conduzia o carro, que tinha os pneus com "elevado desgaste", a cerca de 165 quilómetros/hora e terá sido o excesso de velocidade que o fez entrar em despiste quando viu a sinalização de um acidente na via. Contudo, o jovem garantiu ao tribunal "andar sempre devagar, com o máximo de cuidado possível". Disse ainda não se recordar do que aconteceu. "Não me lembro de mais nada até já estar no hospital", referiu, lamentando as três mortes que provocou e dizendo-se "consciente" da sua responsabilidade. "Sofro com o facto de não me lembrar e de não poder ajudar o tribunal a descobrir a verdade", afirmou.
Também sem memórias daquele trágico momento, apresentaram-se ontem em tribunal Luísa Marques e Paulo Teixeira, que seguiam no carro com Sandro Teixeira e com Vânia Ribeiro, a jovem que perdeu a vida no acidente. Ao tribunal, garantiram que o arguido sempre foi "cuidadoso a conduzir" e que nunca mais foi o mesmo depois do acidente. "Ficou mais desanimado, sem motivação nenhuma, mais frio com as pessoas", disse Luísa Marques. "O Sandro não é a mesma pessoa de antes do acidente", corroborou Paulo Teixeira, que esteve em coma vários dias, na sequência do acidente.
Veio de França visitar família
Sandro Ferreira estava a trabalhar em França e tinha vindo visitar a família no fim de semana . No domingo à tarde, seguia para o Porto, com os três amigos, no carro do pai. Pouco depois de ter entrado na A42, em Paços de Ferreira, o carro entrou em despiste, embateu contra um carro da GNR que estava na berma da autoestrada, a tomar contar de outra ocorrência, e projetou o cabo Jorge Gomes, um militar de 29 anos, que teve morte imediata.
A viatura conduzida pelo arguido embateu depois contra o talude e rodou sobre si mesma, atropelando mortalmente Miguel Sousa, de 63 anos, o motorista do reboque que removia dali um veículo envolvido no primeiro acidente. Com Sandro Ferreira seguia Vânia Ribeiro, de cerca de 20 anos, que também não resistiu.
Pormenores
Mais sinalização
O militar criou uma margem de segurança para o primeiro acidente, com seis pinos na via, mas disse que era preciso mais sinalização, remetendo para a concessionária da A42.
Sem falhas técnicas
A peritagem ao carro do arguido não diagnosticou falhas técnicas. Mas a viatura tinha os pneus muito desgastados. Também tinha um chip que, segundo o arguido, servia para reduzir o consumo de combustível.
