Dono de agropecuária falsificava carimbos para vender carne a talhos. ASAE desmantelou espaço ilegal
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O dono de uma exploração agropecuária, situada em Torre de Moncorvo, abatia os animais nuns anexos sem as mínimas condições de higiene, falsificava os carimbos usados por matadouros legais e pelas entidades responsáveis pela inspeção sanitária e, a seguir, vendia-os aos talhos do distrito de Bragança. A carne chegava ao consumidor sem que os cordeiros fossem sujeitos ao obrigatório despiste de doenças. O esquema ilegal foi, agora, descoberto pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), que instaurou um processo-crime por abate clandestino.
A investigação já durava há alguns meses e terminou, nesta semana, com uma operação de fiscalização levada a cabo pela Brigada de Mirandela da ASAE. Nessa ação, os inspetores confirmaram que o proprietário de uma quinta de Moncorvo criava os animais, sobretudo cordeiros, para, depois, os abater numas instalações precárias, sem as mínimas condições de higiene e que não dispunham de qualquer licenciamento, existentes no interior da quinta.
Os animais que ali eram mortos não eram alvo de qualquer despiste de doença e eram vendidos aos talhos da região sem que estes desconfiassem da ilegalidade do abate. Isto porque o empresário não só falsificava os carimbos de matadouros legítimos, como também a documentação das entidades responsáveis pela inspeção sanitária que obrigatoriamente acompanha os animais abatidos.
A carne entrava, assim, no circuito comercial e chegava à mesa dos consumidores sob a capa de uma aparente legalidade, mas sem cumprir os requisitos legais e de segurança alimentar.
Carcaça em arca de refrigeração
Na operação de fiscalização ao matadouro ilegal, a ASAE apreendeu diverso material de abate, nomeadamente, facas, cutelos, ganchos, brincos e uma balança digital. Também encontrou uma arca de refrigeração usada para guardar os animais abatidos. Era neste equipamento que estava uma carcaça de cordeiro que, segundo a ASAE, "ostentava o carimbo de um estabelecimento de abate", facto que indicia a "contrafação das marcas oficiais usadas pela inspeção sanitária".
Outras 17 carcaças de cordeiros encontradas no matadouro ilegal foram igualmente apreendidas.