Acusado alega "apagão" de memória perante juízes de Braga. Só se lembra de vítima no chão e de canivete na mão.
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"Não me lembro de a matar! Eu amava a minha mulher. Ela era a última pessoa do Mundo a quem queria fazer mal!" Foi assim que ontem, no Tribunal de Braga, se expressou João Paulo Dias Fernandes, 48 anos, julgado por, em setembro de 2019, ter assassinado, com 18 facadas, a ex-mulher, Gabriela Monteiro, funcionária do Theatro Circo de Braga.
O arguido afirmou ainda que apenas se lembra de, no dia do crime, ter ido ter com ela para a desafiar a irem correr, e de, no fim, os dois estarem a conversar "normalmente". "Não me lembro de mais nada", declarou aos juízes.
A acusação do MP refere que o crime se deveu ao facto de o arguido não ter aceitado o divórcio, registado em julho de 2019, e diz que ambos terão discutido, antes de ele lhe ter desferido golpes, com canivete, na cabeça, pescoço, tórax e braço esquerdo, matando-a.
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Os factos ocorreram em 18 de setembro, pelas 22 horas, quando a mulher apareceu na Travessa da Praça da Justiça, onde morava, para se encontrar com o arguido, acedendo a um pedido dele.
Segundo a acusação, o arguido, que "tentara sem sucesso o reatamento, iniciou uma discussão com a vítima", acabando por esfaqueá-la. Após o crime, na praça frente ao Tribunal, entregou-se numa esquadra da PSP, a 100 metros. E disse aos polícias: "Acho que a matei".
Ontem, e questionado pelos juízes, disse ter tido um "apagão" de memória, referindo que, depois disso, se apercebeu de que algo estava errado, porque a mulher estava caída e ensanguentada e ele tinha um canivete nas mãos. v
Associação protesta
Um grupo de cidadãs da Associação Mulheres de Braga concentrou-se junto ao Tribunal protestando contra a violência doméstica, com um cartaz: "Estamos aqui por ti, Gabriela"! Nas paredes estão pintadas duas frases: "Fim da imunidade machista" e "Revolução feminista já".
Grande pesar
O assassínio causou grande pesar na cidade, que lhe prestou homenagem na noite seguinte, numa vigília silenciosa com mais de 500 pessoas à porta do Theatro Circo, onde trabalhava.