O Tribunal Judicial de Almada começa a julgar, esta terça-feira, a mulher de 32 anos que é acusada de, em outubro de 2019, ter golpeado mortalmente um homem, de 68 anos, com o gargalo de uma garrafa de vidro partida.
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Quando foi detida, a mulher apresentava cicatrizes em várias partes do corpo, resultantes dos ferimentos que também terá sofrido na luta, corpo a corpo, que travou com aquele homem, antes de o matar.
A presumível homicida, Tânia Rodrigues, teve um encontro com Carlos Guilhermino em casa deste, no bairro de lata de Santa Marta do Pinhal, no Seixal, e atingiu-o na garganta, num pulmão e num rim. O homem não resistiu aos ferimentos.
Sem testemunhas, Tânia Rodrigues abandonou o corpo e pôs-se em fuga, sendo detida apenas em março de 2020, pela Polícia Judiciária de Setúbal. Presente então a um juiz de instrução do Seixal, ficou em prisão domiciliária, mas voltou a fugir.
Em julho de 2020, a arguida foi de novo capturada e, desta vez, sujeita a prisão preventiva. Tem cumprido esta medida de coação na cadeia de Tires, à espera do julgamento pelo homicídio.
A tese inicial da investigação apontava para a intenção da arguida de roubar o homem, que, na altura, tinha acabado de receber a pensão de reforma e convidou-a para a sua casa.
Na acusação, porém, o Ministério Público não aponta quaisquer motivações para o ataque fatal.
De qualquer modo, a acusação sustenta que a agressora e a vítima envolveram-se em discussão e em agressões, dizendo que a mulher empunhou o gargalo de uma garrafa partida e, com o mesmo, desferiu vários golpes no corpo da vítima.
O cadáver foi encontrado apenas duas semanas depois do crime, por vizinhos que deram por falta do homem.
A PSP acorreu ao local, mas o caso passou para a alçada da Polícia Judiciária de Setúbal. A investigação foi dificultada pela falta de colaboração dos restantes moradores no bairro de lata. Muitos não responderam às perguntas e outros fizeram-no em crioulo, dificultando a comunicação.
Mas a Polícia Judiciária acabou por identificar a suspeita e, volvidos seis meses, localizou-a no bairro do 2º Torrão, na Trafaria. A mulher, com antecedentes relacionados com tráfico e consumo de drogas, ainda apresentava cicatrizes da luta que travou com Carlos Guilhermino. Sofreu então lesões no braço esquerdo, no tronco, nas pernas e na face.