Perito do tribunal contraria psiquiatria que acompanha arguido na cadeia e aponta para surto psicótico.
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O perito que avaliou Nuno Soares, o homem que matou o pai à facada em março deste ano, na casa que partilhavam em Caíde de Rei, Lousada, rejeitou ontem a tese de inimputabilidade atenuada, que é defendida pela defesa, e garantiu que o arguido teve consciência do ato cometido, tendo inclusive afirmado que o progenitor "tinha tido aquilo que merecia".
"Existia um estado de tomada de consciência da enormidade do ato cometido", começou por dizer ao Tribunal de Penafiel o perito, Mário Viana, que avaliou Nuno Soares quatro semanas após o crime. No relatório pericial, o perito confirma a imputabilidade de Nuno Soares e rejeitou que este tivesse sido vítima de psicose ou esquizofrenia. "Atuou em absoluta clareza de consciência e, quando o analisei, estava absolutamente tranquilo", declarou.
A avaliação deste psiquiatra contraria o depoimento prestado pela colega que acompanha Nuno Soares na cadeia e que, na primeira sessão, dissera que o homicida estava "claramente psicótico e não tinha juízo crítico" quando foi sujeito a prisão preventiva.
Na sessão de segunda-feira, foi ainda ouvido o Padre Agostinho, da Igreja da Lapa, que Nuno Soares procurou, dias antes do homicídio do pai. O pároco recordou a conversa que tiveram. "Estava um pouco ansioso, disse-me que tinha visões. Estava psicologicamente muito perturbado e pareceu-me obsessivo", recordou, acrescentando que lhe terá dito para procurar um psiquiatra. "Percebi que seria um caso complicado e que ultrapassava o meu ofício religioso", relatou.
Nuno Soares confessou o crime, dizendo que viu uma nuvem em forma de anjo e ouviu uma voz interior a dizer-lhe para matar o pai.