Sujeitou mulher a sevícias e ameaçou-a: "Se abres a boca, mato-te a ti e aos teus filhos". Está a ser julgado por violação e coação agravada.
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Foi a um bar de alterne de Castro Daire e encontrou uma amiga de infância, a quem ofereceu boleia para casa. Mas, no caminho, fez um desvio e violou a mulher, sujeitando-a a atos de tortura e forçando-a até a comer fezes. Se ela contasse o sucedido a alguém, matava-a a ela e aos filhos, ameaçou ainda o homem, um mecânico, de 37 anos, casado, que acabou por ser detido pela Polícia Judiciária do Porto e está a ser julgado, no Tribunal de Viseu, por crimes de violação e coação agravada.
De acordo com a acusação do Ministério Público (MP) de Viseu, o homem, conhecido pela alcunha de "Chato", deslocou-se com dois amigos, cerca das três horas do dia 3 de novembro de 2019, a uma casa de alterne na localidade de Monteiras, em Castro Daire. Lá dentro, reconheceu a amiga, que conhecia desde criança. Conversaram e combinaram que ele lhe daria boleia até casa. Eram cerca de cinco horas quando saíram da "boite". Mas, em vez de levar a amiga para casa, "Chato" conduziu o carro até um local ermo, situado junto do campo de futebol de Vilar.
Obrigada a gritar de "prazer"
Dentro do veículo, o homem empurrou a vítima e puxou-lhe as meias e as cuecas para a violar de diversas formas. Ainda segundo o MP, chegou a tapar-lhe o nariz para a forçar a abrir a boca e a praticar sexo oral. Depois, voltou a molestá-la, a ponto de a forçar ingerir fezes que o arguido tinha nos dedos. Ao mesmo tempo que a violava, insultava-a e obrigava-a a gritar, como se sentisse prazer sexual, e a dizer que estava a gostar.
"O arguido desferiu ainda uma bofetada na face esquerda da assistente e apertou-lhe o pescoço, por forma a melhor obrigar a mesma a sujeitar-se aos atos sexuais e de cariz sexual que decidiu manter, e manteve, com ela", descreve o MP. Durante o tempo em que foi sujeita a violação, a vítima tentou escapar ao arguido e pediu-lhe insistentemente para parar.
Depois da violação, o arguido ameaçou a vítima. "Se vais contar alguma coisa a alguém, eu mato- te, e a tua sorte é terem visto que tu saíste de lá comigo, porque senão não saías daqui viva".
Depois, o mecânico empurrou a mulher para fora do carro e arrancou. Mas parou pouco depois, ao aperceber-se de que ela estava com o telemóvel na mão. A mulher queria ligar para o número de emergência 112, mas disse a "Chato" que o telemóvel estava partido. Perante isto, o homem mandou a mulher entrar no carro e deixou-a perto da sua residência, não sem antes voltar a avisá-la: "Se abres a boca, eu mato-te a ti e aos teus filhos".
Mas a vítima apresentou queixa e, nos exames forenses, foram registadas "várias lesões traumáticas, de características recentes, ao nível da cavidade oral, da região genital e da região anal, compatíveis com as práticas sexuais descritas".