O companheiro da filha mais velha do homem de 62 anos acusado de ter assassinado a mãe, de 88, com 19 facadas, afirmou ontem, no Tribunal de São João Novo, que foi a mulher grávida quem encontrou a avó já sem vida, no interior de casa, na Alameda Eça de Queirós, no Porto, em janeiro do ano passado.
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"Relativamente ao dia dos acontecimentos, a Nádia recebeu uma chamada a dizer que o pai dela tinha cometido o crime e quis ir sozinha a casa da avó. Depois regressou a casa e disse-me: 'O meu pai assassinou a minha avó'. E começou a chorar, agarrada a mim", contou o homem, que é médico tal como a sua companheira, ao coletivo de juízes que está julgar Blandino Almeida.
"Disse-me que tinha encontrado a avó caída, falecida, já com muito sangue à volta. Com certeza que foi um dos acontecimentos mais marcantes da vida dela. Mais intenso do que o nascimento do nosso filho", acrescentou a testemunha, adiantando que, depois do sucedido, a companheira precisou de receber apoio psicológico.
O arguido, que responde por homicídio qualificado e violência doméstica, já manifestou a intenção de prestar declarações em audiência de julgamento, mas o seu advogado quer ouvir primeiro a perita que foi responsável pelo relatório que vai aferir da sua inimputabilidade, o que deverá acontecer na próxima sessão marcada para dia 12 de março.
A acusação do Ministério Público dá conta de que, pelas 17.30 horas de 22 de janeiro de 2024, o arguido, “munido de uma faca de cozinha, com 18,1 centímetros de comprimento total, sendo 8,2 centímetros de lâmina”, aproximou-se da vitima e, “com o propósito de lhe tirar a vida, apanhando-a desprevenida, abordou-a pelas costas e, sem qualquer motivo, desferiu-lhe vários golpes incisos e profundos no corpo”.
Depois, Blandino Almeida telefonou a um tio e disse-lhe que tinha morto a sua mãe. Cerca das 21 horas, e após ter tomado conhecimento desse telefonema, a filha do arguido deslocou-se à residência da avó e encontrou-a já sem vida.