A Polícia Judiciária deteve, em Faro, um médico, com 65 anos, por suspeitas de vender certidões de óbito sem verificar as causas da morte a duas funerárias algarvias que foram, esta terça-feira, alvo de buscas.
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De acordo com informações recolhidas pelo JN, o esquema permitia a rápida resolução das cerimónias fúnebres, a troco de contrapartidas financeiras. Entre 2021 e 2022, o médico terá recebido cerca de 80 euros por cada certidão de óbito e a investigação da PJ de Faro ainda está a apurar a quantidade de atestados falsificados que foram emitidos.
Os documentos eram passados à distância, sem que o médico se dirigisse ao local onde estavam os mortos, nomeadamente nas zonas de Faro e de Loulé. Assim, as causas da morte nunca era verificadas.
De acordo com a PJ, as certidões foram emitidas “sem a prática de qualquer ato que assegure o prévio conhecimento efetivo da causa de morte, mediante o recebimento de contrapartidas económicas e com o objetivo de impedir a intervenção das autoridades judiciárias ou a realização da autópsia médico-legal”.
Para já, a investigação não recolheu indícios do uso de certidões falsificadas para encobrimentos de crimes.
Nas buscas ao consultório e residência do médico, bem como nas duas funerárias, a PJ apreendeu computadores e documentação que será agora analisada.
O médico, suspeito do crime de corrupção, deve ser levado ao primeiro interrogatório judicial esta quarta-feira, no Tribunal de Faro.