Os ajuntamentos ilegais são a nova dor de cabeça no combate à covid-19.
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Depois de um fim de semana em que a Polícia foi chamada a dispersar convívios de centenas de jovens em vários pontos do país, o Governo prepara-se para avançar com novas medidas para travar as festas.
O primeiro-ministro admitiu ontem a criação de um "quadro punitivo" para quem organizar e participar em eventos ilegais e ajuntamentos e o presidente da República assinalou o caminho a seguir: aumentar as participações ao Ministério Público. Marcelo já disse que está disposto a apoiar o que for necessário para "impedir o descontrolo" do desconfinamento.
Da reunião que se realiza hoje em Lisboa, entre o primeiro-ministro, a ministra da Saúde e autarcas da Área Metropolitana de Lisboa (AML) deverão sair medidas mais restritivas para determinadas freguesias da AML, mas também ações concretas para evitar os ajuntamentos de pessoas em todo o país. Ao que o JN apurou, o Ministério da Administração Interna deverá ser chamado a endurecer a vigilância nas ruas por parte das forças de segurança.
PSP dispersou centenas
Este fim de semana, a Polícia foi obrigada a dispersar concentrações de centenas de jovens. Na madrugada de sábado, mais de mil pessoas reuniram-se na praia de Carcavelos e cerca de centena e meia em Vila de Conde. E, na madrugada de ontem, aconteceu o mesmo no Porto - onde a Polícia foi chamada duas vezes ao mesmo local para dispersar centenas de jovens -, em Braga e em Setúbal.
Em todas as ocasiões, ninguém foi detido ou identificado, mas daqui em diante poderá ser diferente.
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Ajuntamentos inaceitáveis
Para António Costa, os ajuntamentos dos últimos dias são "inaceitáveis" e "só podem dar mau resultado". O primeiro-ministro admitiu que possa ser criado um "quadro punitivo" para as pessoas que organizarem ou participarem em eventos desta natureza. Sobre a atuação das forças de segurança lembrou que "já atuaram nas últimas noites e atuarão sempre que for necessário".
O mesmo caminho é defendido por Marcelo Rebelo de Sousa. O presidente da República nota que "estamos na fase de tentar persuadir", mas se for necessário tomar medidas específicas para determinadas localidades ou "medidas mais duras em termos de intervenção das autoridades para impedir ajuntamentos e para responsabilizar por ajuntamentos", o caminho é mudar a forma de atuação da Polícia. "Multiplicam-se as participações ao Ministério Público e aí as pessoas, jovens e não jovens, percebem que começam a ter um problema grave em cima dos seus ombros", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, à entrada para um concerto no Centro Cultural de Belém.
O país registou ontem mais 292 casos positivos de covid-19 e mais dois mortos. Lisboa e Vale do Tejo voltou a concentrar a maioria das infeções (77%) e hoje deverão ser aprovadas medidas focadas para esta região, onde a ministra da Saúde, Marta Temido, já admitiu estar a haver "dificuldade em quebrar as cadeias de transmissão". O Centro teve 8,5% dos novos casos, o Algarve 7,5%, o Alentejo 3,7% e o Norte 2,3%.