Mensagens entre "Xuxas" e irmão levam à apreensão de 30 quilos de cocaína em avião
Inspetor da PJ explicou em tribunal durante o julgamento que envolve Ruben Oliveira, conhecido como "Xuxas" e considerado o maior traficante português, que "grande parte das conversas intercetadas centravam-se" nele, o que permitiu apreender 30 quilos de cocaína num avião .
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Hugo Sousa, inspetor da PJ, explicou, esta sexta-feira, que as mensagens trocadas entre Ruben Oliveira e o seu irmão, Dércio, levaram à apreensão de 30 quilos de cocaína no aeroporto de Lisboa em agosto de 2020. "Xuxas" é suspeito de liderar uma rede com ligações ao Comando Vermelho, no Brasil, e ao Cartel de Medellin, na Colômbia.
"O Dércio dava indicação sobre voos indicados para o transporte de droga e locais no avião onde se podia colocar a droga, o bulk, uma zona de bagagens de mão de tripulantes de bordo, e foi através dessas trocas de mensagens que conseguimos apreender uma mala com 30 quilos de droga que chegou ao aeroporto de Lisboa num avião proveniente do Brasil", disse o inspetor.
Nesse carregamento, em agosto de 2020, era suposto virem para Portugal, desde o Brasil, seis bagagens com droga, mas cinco foram apreendidas no Brasil após a indicação da PJ às autoridades brasileiras, avançou o inspetor. O destino da bagagem seria o Montijo e caberia a Dércio organizar o transporte.
A Procuradora do Ministério Público quis saber se era Dércio que possuía conhecimentos dentro do aeroporto para facilitar o transporte da droga. Hugo Sousa aponta para conversas em que Ruben diz "que estava com os rapazes do aeroporto", levando assim a concluir que era Ruben que possuía esses contactos.
Na apreensão dos 30 quilos de cocaína, "foi Ruben quem decidiu quando era a viagem". Dércio recebeu a indicação para fazer o transporte para o Montijo e a Charneca, na margem sul e o pagamento. "O Ruben diz a Dércio que José Afonso, outro arguido, pediu para entregar o dinheiro, 750 mil euros".
Perto da data da apreensão, a PJ quis saber que ligações tinha a rede de Ruben com funcionários do aeroporto e conseguiu, através de uma vigilância junto a uma papelaria em Lisboa chegar a um funcionário da Portway. "Identificámos, através da Segurança Social, quem era". Foi depois identificado outro funcionário da Portway.
As conversas do Encrochat e Sky, um género de WhatsApp do crime, intercetadas pelas autoridades francesas e cedidas a Portugal levaram também à apreensão de 12 milhões de euros numa carrinha em Lisboa, pertencentes a Sérgio Roberto Carvalho, tido como o patrão de Ruben Oliveira e "Escobar" brasileiro, em novembro de 2020, conforme o JN noticiou no início do julgamento. Hugo Sousa disse hoje que "há mensagens do Ruben a indicar que cinco milhões eram seus".