Começa a ser julgado, quarta-feira, no tribunal de Viseu, um militar da GNR de Tabuaço por, alegadamente, ter agredido com inusitada violência um agricultor que, suspeitava, andaria a enviar mensagens de cariz sexual à sua namorada.
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O arguido está acusado de um crime de ofensas à integridade física, qualificado. Os factos remontam a outubro de 2017 e ocorreram num lugar ermo da estrada municipal n.º 514, em Pinheiros.
Segundo o Ministério Público, o soldado da GNR, de 43 anos, acompanhado da namorada, encontrou o um agricultor, de 52 anos, parado naquele local. E acreditou estar diante do individuo que enviava mensagens eróticas para a sua namorada. Pouco passava da meia-noite de 15 de outubro. O GNR encostou o carro ao veículo da vítima.
Nem terá perguntado nada. Segundo o MP, o militar abriu a porta do passageiro e puxou para si o condutor, começando a desferir-lhe muros na cabeça e no peito, ao mesmo tempo que gritava que o “ia matar”. Depois, terá puxado o corpo mais para fora, até a cabeça da vítima ficar, pendente, no exterior, repetindo inúmeros golpes, com a porta contra a cabeça do agricultor. Só terá parado quando a namorada, vendo o agricultor inanimado, lhe rogou que acabasse com a agressão.
Nessa altura, o GNR, que estava fora de serviço, ligou para os colegas do posto de Tabuaço, pedindo uma patrulha para aquele local, informando que acabara de “deter” um homem.
A vítima, de 52 anos, foi conduzida de urgência ao hospital de Vila Real, onde permaneceu várias horas. Sofreu traumatismos que lhe custaram dez dias de incapacidade total.
O agricultor negou qualquer mensagem, mais ou menos própria. Diz que parou no local “para satisfazer necessidades fisiológicas” e, quando deu por si, estava a ser agredido por um homem “de luvas” calçadas.
Aníbal Pinto, advogado do ofendido, disse ao JN que “qualquer agressão é lamentável, mas vinda de um militar da GNR, com aptidão física superior e obrigação de cumprir a lei, é inaceitável”. Adianta que não admite acordo em julgamento, porque o seu cliente “o que espera é justiça”.