Vários atos de coação e agressões por parte de finalistas do Colégio Militar sobre alunos mais novos estão ser investigadas pelo Ministério Público. Um aluno já terá sido suspenso.
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Ao "Observador", que avançou a notícia, a Polícia Judiciária Militar adiantou que poderão estar em causa eventuais “crimes de ofensa à integridade física”. Segundo denúncias que já motivaram a abertura de dois inquéritos-crime no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, as agressões terão ocorrido em janeiro deste ano. Numa madrugada, alunos do 12.º e do 11º anos surpreenderam estudantes do 9.º ano que se encontravam a dormir. As vítimas queixam-se de que foram obrigadas e intimidadas a fazer exercícios físicos durante duas horas.
“Estiveram duas horas a rastejar, a ‘encher’, a fazer italianas [em posição de prancha, na horizontal e apenas com os cotovelos apoiados no chão], como se estivessem numa instrução militar”, relatou um encarregado de educação ao "Observador". A dureza dos exercícios/castigos terá sido tal que alguns estudantes tiveram de ser alvo de assistência médica por causa hematomas e queimaduras de abrasão e ainda dois alunos por causa de lesões nos joelhos e musculares. Há ainda o relato de uma bofetada que terá feito um aluno mais novo sangrar do ouvido.
Alguns encarregados de educação desdramatizaram o ocorrido, lembrando que os alunos mais velhos “apertam sempre um bocado” com os mais novos. “Extrapolaram um bocadinho” a dureza dos exercícios, admite um pai ao "Observador", mas “ninguém morreu, ninguém foi operado [submetido a uma cirurgia]” e os autores “sofreram na pele a voz de comando”.
O "Observador" frisa que nenhuma destas informações foi confirmada pelo Exército, pelo Ministério Público ou pela Polícia Judiciária Militar. Inicialmente, o Colégio Militar, através do gabinete de imprensa do Exército, limitou-se a dizer que tinha instaurado um procedimento disciplinar com vista ao “cabal esclarecimento dos factos e a identificação dos alunos envolvidos nos mesmos”.
Este mês, a mesma fonte esclareceu que o processo já tinha sido concluído e que um aluno tinha sido suspenso por quatro dias. O jornal adianta ainda que, segundo alguns encarregados de educação, pelo menos dois outros alunos foram impedidos de desfilar na Avenida da Liberdade no aniversário da instituição que se comemorou a 3 de março.
O caso ultrapassou a alçada disciplinar interna do Colégio Militar e está agora a ser investigado pelo Ministério Público.