O Ministério Público vai levar um homem a julgamento pelo homicídio, à pedrada, do vizinho que o acolhia, no Seixal, mas vai pedir que o arguido seja declarado inimputável em tribunal, uma vez que sofre de uma anomalia psíquica grave.
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Por considerar Paulo Lobo, de 47 anos, "incapaz para avaliar a ilicitude dos factos", o Ministério Público (MP) entende que seja aplicada uma medida de segurança de internamento em estabelecimento psiquiátrico.
A ordem de internamento pode chegar aos 15 anos, cabendo depois à equipa médica avaliar a libertação.
O arguido, conhecido por "mascarado" no Miratejo, onde ocorreu o crime, está internado no hospital prisão de Caxias desde março, após prisão preventiva aplicada em outubro. Está acusado de homicídio qualificado e incêndio.
O crime ocorreu na Praceta Almeida Garret à hora de almoço de 21 de outubro de 2019. Agressor e vítima, vizinhos, chegaram a ter uma boa relação. Amadeu Vieira, de 65 anos, acolhia Paulo Lobo, de 47.
Chegou a ser tratado como pai pelo agressor, mas a relação azedou e nessa tarde discutiram. Paulo agrediu Amadeu na escada do prédio da vítima, agarrou-o por uma das pernas e arrastou-o ao exterior.
Na rua, o agressor pegou em várias pedras da calçada e arremessou-as contra a cara da vítima, desferindo ainda vários pontapés na zona da cabeça. Pegou fogo à casa da vítima e colocou-se em fuga, mas foi detido pela PSP nessa mesma tarde.
A PSP e os bombeiros do Seixal foram acionados às 13.40 horas para o local, e enquanto os agentes procuravam pelo suspeito, acabando por capturá-lo umas ruas abaixo, os bombeiros combatiam o incêndio que causou 14 feridos por inalação de fumos, entre os quais duas crianças.
Amadeu Vieira era querido pelos vizinhos que o tratavam como "o sportinguista". Já o agressor vivia sozinho perto da casa da vítima e estava já proibido de entrar em vários estabelecimentos, por causar frequentemente distúrbios motivados pelo consumo de álcool e drogas.