
Arguido vai pedir abertura de instrução que decorrerá no Tribunal do Porto
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Investigação entregue à PSP visa agente por abuso e importunação. Suspeito nega e fala de "cabala".
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Uma procuradora da República do Porto acusou um inspetor da Polícia Judiciária (PJ) de um crime de abuso sexual de criança e cinco de importunação sexual, todos na forma agravada. A pretensa vítima será uma jovem de 19 anos, que vive do outro lado da rua do visado, num concelho do Grande Porto.
A acusação do Ministério Público (MP) é invulgar. A começar pela forma pouco detalhada dos alegados crimes e passando pela rapidez da investigação, feita pela PSP e não pela PJ que, legalmente, detém a competência exclusiva deste tipo de crime.
Crime agravado
"Maria" (nome fictício), que completa esta semana 19 anos, habita por cima de um restaurante/esplanada, numa avenida movimentada. Do outro lado da via, uns 15 metros abaixo, mora "Max" (nome também fictício) e respetiva família. Segundo a alegada vítima, o polícia, com mais de 20 anos de carreira e até agora sem mácula conhecida, quando a via à janela, que dista uns bons 15/20 metros da sua, despia-se da cintura para baixo e exibia o sexo. Terá acontecido duas vezes em abril do ano passado, sexta-feira e domingo, sempre ao início ou meio da tarde, e quase sempre durante alguns minutos.
As alegadas importunações terão tido repetição numa terça-feira de outubro ("da parte da tarde"), numa segunda-feira de novembro e numa quarta-feira de dezembro. Nestes dois últimos episódios, o registo horário do MP é muito preciso: "cerca das 14h48".
Depois de "descrever", com dia e hora, estas alegadas aparições do inspetor, sempre a horas em que ele devia estar a trabalhar, a acusação agrava os alegados crimes ao acrescentar que a situação "ocorreu a primeira vez" quando a queixosa "tinha 13 anos", repetindo-se "em várias ocasiões".
Acusação "repugnante"
"A única verdade é que resido próximo dessa jovem, do lado oposto da avenida", afirma ao JN o inspetor. Quanto ao resto, "é uma descrição mentirosa e, dada a natureza do que me apontam, é também repugnante e diabólica". "Nas datas em que a acusação diz que cometi esses atos escabrosos estava bem longe de casa. Na PJ, no tribunal ou em locais em que a minha presença está documentada", afirma, perentório.
"Max" acrescenta não conseguir "sequer imaginar o que poderá estar na génese" da "cabala" que culminou nesta acusação e que em todos "estes anos" que ali mora esteve "apenas uma vez a tomar café", no restaurante do rés do chão da casa da pretensa vítima e que os contactos havidos se resumem "a uma ou duas vezes em que se cruzaram e saudou a jovem queixosa ou "a sua mãe". E repete não perceber a "acusação ignóbil cujo único objetivo é destruir a minha vida, a minha carreira e a minha família".
"Max", que já comunicou à hierarquia a acusação, garante que vai pedir a abertura de instrução e acredita que aí provará a sua inocência, "sem ser preciso chegar a julgamento".
