Em Gondomar, Guimarães, onde a Polícia Judiciária (PJ) de Braga desmantelou na última sexta-feira um laboratório de produção de cocaína, os habitantes nunca suspeitaram de nada, apesar de a casa, batizada “Refugio do Guerreiro”, ficar no meio do povoado.
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Na segunda-feira, o próprio presidente da União de Juntas de Freguesia dos Soutos Santa Maria, São Salvador e Gondomar, Manuel Cardoso, ainda não sabia onde era a casa.
Por trás do balcão do café da aldeia, com cerca de 500 habitantes, o casal que serve quem vem da missa confessa que ficou surpreendido quando viu a sua terra nos telejornais. Num lugar onde se pode andar pelas ruas durante largos minutos sem ver ninguém, dois brasileiros e dois colombianos produziam 100 quilos de cocaína por semana, trabalhando 24 horas por dia.
Um dos clientes reconheceu a casa na televisão. “Nunca tinha suspeitado de nada. Nenhuma movimentação estranha. Estive lá mesmo ao lado a limpar um caleiro e não vi nada de anormal”, assegura. A casa nem sequer fica isolada, há outras moradias à volta. Embora a propriedade tenha muros altos, numa zona de grande inclinação, há uma rua um pouco acima de onde se vê todo o quintal, com a piscina vazia e com sinais de abandono.
A operação policial decorreu ao início da noite de sexta-feira, numa altura em que há ainda menos pessoas na rua. Foram apreendidas 250 mil doses de cocaína, 50 quilos de pasta de coca, armas de fogo, uma viatura e 17 mil euros em numerário.
A PJ deu a conhecer que os quatro homens também tinham uma casa no centro de Esposende, onde mantinham um quotidiano normal. Esta situação poderá ter contribuído para que ninguém os conhecesse em Gondomar.