
José Horta Gomes, de 53 anos, à saída do tribunal
Foto: Teixeira Correia
O homem que matou com três tiros de pistola um mecânico de motas, no dia 30 de janeiro, em Salvada (Beja), por causa de um cigarro, foi condenado, esta sexta-feira à tarde, a uma pena de prisão de 21 anos, pelos crimes de homicídio qualificado agravado e detenção de arma proibida.
Malaquias, como é conhecido na aldeia, foi ainda condenado a pagar 183 mil euros à filha da vítima, que se constituiu assistente no processo. O valor peticionado era de mais de 207 mil euros, mas, na contestação, o arguido avisou que não iria pagar qualquer valor em dinheiro, porque não o tinha, nem bens para fazer esse pagamento.
Após a saída do arguido da sala de audiências, ouviram-se gritos no hall de entrada do tribunal de "bandido, assassino". Os populares tentaram ainda fazer justiça pelas próprias mãos quando Malaquias entrava no carro celular, o que foi evitado pelos guardas prisionais e a PSP.
O coletivo de juízes não teve dúvidas em considerar José Horta Gomes, de 53 anos, culpado da morte de Pedro Ramos, de 38 anos, ocorrido na sequência de uma chamada de atenção da vítima ao arguido por este estar a fumar no interior da pastelaria "Pop Doce".
Malaquias não gostou de ter sido censurado, empunhou uma pistola de calibre 6.35mm que trazia no bolso do casaco e deu três tiros a uma distância, entre dois a dez centímetros, segundo o processo. Um disparo atingiu uma axila de Pedro Ramos, outro o tórax e o terceiro para a parte lateral do abdómen.

A vítima, Pedro Ramos, de 38 anos
Na única sessão do julgamento realizada para produção de prova, José Horta Gomes foi interrogado sobre as razões pelas quais matou Pedro Ramos. "Mostrei-lhe a arma, ele atirou-se a mim, agrediu-me brutalmente e caímos os dois no chão. Tinha o dedo no gatilho e, como a arma é muito sensível, disparou", respondeu.
Mas o tribunal considerou aquela tese como inverosímil. Na leitura do acórdão, o presidente do coletivo referiu que "foram provados todos os factos da acusação, com exceção do terceiro tiro ter sido feito com a vítima no chão". "Foi um crime torpe, fútil e ignóbil. Tem que pagar por ter tirado a vida a uma pessoa jovem. Foi uma ação ponderada, quando foi à casa de banho e saiu de arma em punho", concluiu.
O juiz observou ainda que o arguido "só não tem antecedentes criminais no papel", por Malaquias ter sido condenado tráfico de estupefacientes há muito tempo e tal não constar já no seu registo criminal.
Malaquias vai aguardar o trânsito em julgado do acórdão, de que poderá recorrer, em prisão preventiva em Beja.
