Funcionário da Vimeca que denunciou Cláudia Simões à PSP, alvo de queixa por ofensas, tem nariz fraturado e maxilar partido. Vítima teve de ficar internada, mas não corre perigo de vida.
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Não se recorda de quantos eram, nem de onde surgiram, mas o motorista da empresa Vimeca espancado anteontem à noite, em Massamá, tem uma convicção: foi agredido na sequência da denúncia que fez no passado domingo contra Cláudia Simões, a passageira que garante ter sido espancada pela PSP. O motorista ficou internado, com o maxilar partido e o nariz fraturado.
Depois de ter sido alvo das agressões, o motorista desmaiou no interior do autocarro onde procurou refugiar-se. Terá sido a extrema violência dos murros e pontapés que levou a vítima a perder os sentidos. Por esse motivo, o Hospital S. Francisco Xavier, em Lisboa, preferiu mantê-lo sob vigilância, em internamento.
Atacada por trás
Recorde-se que o homem foi abordado quando ia iniciar um serviço, na Avenida 25 de Abril, em Massamá. Estava a sair do café Palmeiras, onde tinha ido comprar um bolo.
Foi atacado pelas costas, à traição, por um grupo que estaria à espera dele. A PSP está a investigar, tentando identificar os indivíduos.
"Não temos indícios de ferimentos com armas de fogo ou armas brancas", adiantou, anteontem à noite, ao JN fonte da Direção Nacional da PSP, sublinhando que os ferimentos, "de alguma gravidade", foram provocados apenas com recurso a "força física".
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De acordo com informações recolhidas pelo JN, a vítima chegou a dizer à PSP que o ataque foi uma "retaliação" pelo caso que envolveu a portuguesa, nascida em Angola, na Amadora.
Cláudia alegou ter sido agredida por um agente da PSP, na rua e depois no carro-patrulha que a transportaria à esquadra, no fim de uma viagem de autocarro em que seguia com a filha menor, que se teria esquecido do passe, segundo a sua versão dos factos. O agente foi alertado pelo motorista e foi ter com Cláudia. A mulher garante nada ter feito para provocar o agente, que, no entanto, manietou-a e colocou-a no chão até à chegada de reforços.
Cláudia Simões assegurou ter sido dentro do carro de patrulha que foi agredida pelo mesmo agente da PSP que a deteve. "Irei até ao fim e lutarei com todas as minhas forças pelo fim do racismo ou de qualquer outro foco de violência", assegurou num comunicado enviado às redações.
A PSP alega que a mulher foi detida por ter demonstrado uma atitude agressiva, acrescentando que o agente em causa utilizou "a força estritamente necessária para o efeito face à sua resistência".
Mulher indiciada
Cláudia foi entretanto indiciada pelo crime de resistência e coação sobre agente da autoridade, enquanto o agente envolvido não foi, para já, constituído arguido.
Tendo em conta as diferentes versões sobre as circunstâncias da ocorrência, o caso continua sob investigação e será o Ministério Público a dirigir o inquérito-crime contra o agente da PSP.
Entretanto, Cláudia Simões veio ontem a público demarcar-se das agressões ao motorista: "Quero deixar claro que nem eu, nem a minha família temos nada a ver com o que se passou ontem com o motorista, tal como a PSP sabe", disse Cláudia Simões, citada pelo jornal "Público", acrescentando não se recordar sequer da pessoa que ia a conduzir o autocarro, no domingo passado, antes das agressões de que terá sido vítima.